Economia

PIB potencial do Brasil pode dobrar com reformas, diz Itaú

PIB potencial, o crescimento que pode acontecer de forma sustentável e sem gerar pressão inflacionária, pode saltar de 1,5% para 3,5% ao ano, diz banco

Real, dinheiro (selensergen/Thinkstock)

Real, dinheiro (selensergen/Thinkstock)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 1 de setembro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 1 de setembro de 2017 às 10h31.

São Paulo - Reformas microeconômicas e um ajuste fiscal vigoroso podem mais do que dobrar o PIB potencial do Brasil, de 1,5% para 3,5%, de acordo com relatório divulgado pelo banco Itaú.

PIB potencial é o crescimento que pode acontecer de forma sustentável, sem gerar pressões inflacionárias.

Ou seja, o Brasil pode até crescer por algum tempo acima do 1,5% de PIB potencial atual, pois faria isso empregando quem hoje está desempregado e usando a capacidade instalada hoje parada.

Mas se nada mudar e não quisermos aumentar a inflação, eventualmente o 1,5% será um teto por causa de 3 problemas identificados pelo Itaú como estruturais.

Um deles é a baixa taxa doméstica de poupança. Como tanto governo quanto cidadãos gastam além da conta, sobra pouco dinheiro para investir.

Os recursos podem ser captados no exterior, mas não de forma sustentável e por muito tempo.

"A baixa poupança doméstica limita os investimentos, o que diminui o ritmo de acúmulo de capital e de ganhos de produtividade via absorção de novas tecnologias", diz o Itaú.

Outro item que limita nosso crescimento, segundo o banco, são os desarranjos macroeconômicos, como os calotes do governo e surtos inflacionários. O cálculo é que sem esse histórico, nossa renda per capita seria 25% maior.

"O ajuste fiscal teria o duplo papel de aumentar a poupança doméstica (aumentando a capacidade do país de investir) e garantir a sustentabilidade da dívida pública (evitando desarranjos macroeconômicos futuros)", diz o banco.

O terceiro e último fator que hoje limita nosso PIB potencial seriam as ineficiências macroeconômicas: o chamado Custo Brasil da confusão regulatória, tributária e trabalhista.

Um relatório recente do banco já apontava o potencial da reforma trabalhista de aumentar a eficiência do mercado de trabalho e com isso reduzir o desemprego estrutural e elevar o PIB per capita.

Agora, o banco também destaca a abertura econômica, a melhora da educação e a nova taxa de empréstimos de longo prazo do BNDES aprovada pela Câmara dos Deputados e encaminhada ao Senado.

Modelo

O cálculo do Itaú se baseou no modelo de crescimento de Robert Solow, um economista americano. O PIB é definido a partir de três fatores: população ocupada, estoque de capital e produtividade.

O envelhecimento da população, por exemplo, faz com que a contribuição do item "população ocupada" para o crescimento tenha recuado de 2,1 ponto percentual nos anos 60 para 0,8 p.p. nos últimos anos. Não há muito o que fazer em relação a isso.

Também não dá para contar com economia global forte e altas dos preços de commodities, itens que ajudaram muito na alta da produtividade entre 2003 e 2010 e são contabilizados como estáveis no modelo do Itaú.

Para aumentar o PIB potencial, resta elevar o estoque de capital, ligado à taxa de investimento já citada, e a produtividade, que pode ser impulsionada com reformas e diferentes políticas públicas.

Mas o banco destaca que mesmo se o país conseguir crescer 3,5% por ano, ainda demorará muito para alcançar o padrão de renda atual de países como República Tcheca (26 anos), Portugal (29) e Chile (16).

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