Bandeira americana: gastos com consumo, que representam cerca de 70% do PIB americano, tiveram expansão anualizada de 2,9% (Jayme Gershen/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 30 de outubro de 2019 às 10h04.
Última atualização em 30 de outubro de 2019 às 13h42.
São Paulo — O crescimento econômico dos Estados Unidos desacelerou menos do que o esperado no terceiro trimestre, uma vez que a queda do investimento empresarial foi compensada por gastos resilientes do consumidor e recuperação das exportações, o que pode aliviar ainda mais os temores do mercado financeiro de uma recessão.
Entretanto, o relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Departamento do Comércio não deve desencorajar o Federal Reserve de cortar a taxa de juros de novo em meio a ameaças à mais longa expansão já registrada devido a incertezas com a política comercial, desaceleração do crescimento global e saída do Reino Unido da União Europeia.
O Produto Interno Bruto cresceu a uma taxa anualizada de 1,9% no terceiro trimestre, conforme as empresas mantiveram um ritmo estável de acúmulo de estoques e o mercado imobiliário se recuperou após contrair por seis trimestre seguidos, disse o governo.
A economia havia crescido a um ritmo de 2,0% entre abril e junho. Economistas estimam a velocidade com que a economia pode crescer por um longo período sem alimentar a inflação em 1,7% a 2,0%.
Economistas consultados pela Reuters estimavam alta de 1,6% do PIB no trimestre entre julho e setembro.
A guerra comercial do governo de Donald Trump com a China afetou a confiança empresarial, contribuindo para a segunda contração trimestral no investimento empresarial. A perda de força do estímulo do pacote de cortes de impostos do ano passado também está prejudicando a expansão, agora em seu 11º ano.
O relatório do PIB foi publicado horas antes de o Fed encerrar sua reunião de política monetária, com expectativa de que corte os juros pela terceira vez. O Fed cortou os juros em setembro depois de reduzir os custos de empréstimos em julho pela primeira vez desde 2008.
Apesar do desempenho melhor do que o esperado no trimestre passado, a economia deve novamente ficar abaixo da ambiciosa meta da Casa Branca de um crescimento anual de 3,0% em 2019. No ano passado a expansão foi de 2,9%.
O aumento dos gastos do consumidor, que respondem por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, desacelerou para 2,9% no trimestre passado após salto de 4,6% no segundo trimestre, ritmo mais forte desde o quarto trimestre de 2017.
O investimento empresarial caiu a uma taxa de 3,0% no terceiro trimestre, contração mais acentuada em mais de três anos e meio, depois de cair 1,0% no segundo trimestre. Ele foi pressionado por recuos nos gastos com equipamentos e estruturas não residenciais.
A recuperação nas exportações compensou o ganho nas importações, levando à redução do déficit comercial. O comércio subtraiu 0,08 ponto percentual do crescimento do PIB no terceiro trimestre, depois de reduzir 0,68 ponto no período anterior.