Economia

Petrolíferas querem que Opep abra as portas para investimentos

Cartel vai se reunir quarta-feira, mas não deve alterar suas quotas de produção; furacão Ivan chega terça-feira ao Golfo do México, e pode paralisar a extração de petróleo e gás

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h47.

As grandes companhias petrolíferas mundiais querem acesso aos campos ainda inexplorados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Com isso, as empresas driblariam a dificuldade em descobrir novos poços de petróleo e ainda acabariam com a insuficiência de produção no médio prazo. A avaliação é de Thierry Desmarest, presidente da francesa Total, quarto maior grupo de energia de capital aberto do mundo. Desmarest afirma no Financial Times desta segunda-feira (13/9) que os países-membros da Opep devem abrir suas portas às petrolíferas internacionais para assegurar que nos próximos anos a oferta dê conta da crescente demanda.

Pelo raciocínio do executivo, enquanto os novos projetos de exploração de petróleo podem levar até dez anos para render resultados, a Arábia Saudita e o Kuweit possuem campos mapeados que poderiam ser rapidamente viabilizados com a ajuda de companhias petrolíferas internacionais. Nos limites da Opep, o número de poços perfurados em 2003 caiu 6,5% em relação ao ano anterior, enquanto fora da Opep as descobertas importantes caíram 40% desde 2000.

Para Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura, uma eventual abertura da Opep a parceiros internacionais poderia, em tese, beneficiar a Petrobras por causa do avançado nível em tecnologia de exploração. O problema, diz, é que a proposta da multinacional francesa é irrealista. "Independentemente da questão de investimento, não há luz no fim do túnel no cenário político. Há uma onda terrível de nacionalismo, e a presença estrangeira no Irã ou mesmo na Venezuela pode gerar revolta e agravar os problemas ao invés de resolvê-los."

No ano passado a Total e a Shell tornaram-se as primeiras petrolíferas ocidentais a assinar um contrato na área de gás natural com o governo da Arábia Saudita. Mas muitas das áreas de exploração da Opep, afirma o Financial Times, continuam fechadas para investimento estrangeiro, como têm estado desde os anos 70.

Reunião

Os representantes da Opep vão se reunir nesta quarta-feira (15/9) em Viena e, a julgar pelas expectativas de mercado, não devem mudar nada. Ou seja, a soma das quotas de produção continuará em 26 milhões de barris diários, patamar definido em 1º de agosto. Esse imobilismo sugere que a organização não reconhece uma carência crônica de suprimento. "Na realidade a Opep hoje não tem mais controle dos preços. Se tivesse, já teria baixado, porque uma cotação superior a 40 dólares viabiliza outras fronteiras de produção e dá fôlego para energias alternativas", afirma Pires.

O presidente da Total e outros executivos do setor vão aproveitar a assembléia da Opep para pedir parcerias, em nome da normalização do abastecimento. "É importante ter a oportunidade de investir mais em países da Opep, talvez através de joint ventures com petrolíferas locais", afirma Desmarest. O cartel, por sua vez, teme uma desaceleração posterior de demanda e prefere culpar a especulação e a insegurança pelas recentes altas nas cotações, descartando desequilíbrios nos fundamentos do mercado. Paschoal Paione, analista de petróleo do Banco Fator, também não atribui a pressão altista dos últimos meses a falhas de oferta, mas às percepções de risco do mercado. Entre os 11 membros do cartel há até quem defenda uma redução da produção nos próximos seis meses.

Às vésperas do encontro dos caciques do petróleo, o mercado opera em alta nesta segunda-feira com os temores de que o furacão Ivan interrompa amanhã a atividade de extração de petróleo e gás no Golfo do México, responsável por cerca de um quarto da produção dos Estados Unidos. A ChevronTexaco, por exemplo, já retirou quase 700 funcionários de suas plantas de produção no Golfo.

Os contratos futuros em Nova York estão sendo negociados no patamar de 44 dólares o barril, com alta de 1 dólar. Em Londres, o Brent para outubro está acima dos 40 dólares.

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