Economia

Petrobras pode aumentar gasolina em 10 dias

Estatal está queimando gordura acumulada no ano passado, mas não deve resistir, mesmo em ano eleitoral, à combinação de cotação internacional no pico, câmbio pressionado, necessidade de gerar superávit primário e contentar acionistas

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h38.

O lucro líquido da Petrobras no primeiro trimestre caiu 28% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Foram 3,9 bilhões de reais, ante 5,5 bilhões apurados nos três primeiros meses de 2003. Para o economista Adriano Pires, ex-assessor da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e fundador do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, os resultados eram esperados. "O preço cobrado internamente está muito baixo e a empresa teve de gastar mais, porque ainda precisa importar." As compras externas da estatal cresceram 35% (417 mil barris/dia) em relação ao período janeiro-março do ano passado. Renato Prado, analista de investimentos do Banco Fator, também considera que os números anunciados estão dentro do que o mercado esperava. Mas a recomendação do banco para os papéis da empresa é de manutenção. "Grosso modo, significa que não aconselhamos que se adquiram ações da Petrobras neste momento", afirma Prado.

Para Pires, o dado que mais chama a atenção é o persistente aumento do custo de produção, agora para 4,22 dólares o barril. "O custo está aumentando nos últimos quatro trimestres, especialmente porque a produção está caindo. É isso que preocupa." Houve queda na produção de petróleo e gás natural de 2,2 milhões de barris/dia no quarto trimestre de 2003 para 1,9 milhão neste trimestre. "Tem ocorrido muito atraso em entrega de plataformas, que deve se agravar com essa discussão sobre a construção em estaleiros no Brasil."Por essas e outras, a meta de atingir a auto-suficiência em 2005 foi adiada para 2008, afirma o economista.

Prado não vê problemas nessa área. "Operacionalmente, a Petrobras não devem nada a Chevron, Texaco, Esso ou British Pretroleum", diz. "A questão é geração de resultado financeiro: não temos garantia de como vão repassar o preço internacional."

Aumento

Pires diz que a estatal vive um cabo-de-guerra entre a cautela com a inflação e o compromisso de ajudar a gerar superávit primário para o pagamento de juros. Mas, no momento, o problema fiscal prevalece sobre o inflacionário, sob controle, em sua avaliação. Ao mesmo tempo, se qualquer correção de preço de gasolina e gás de cozinha tem o componente de política macroeconômica, também embute um desafio ainda mais complicado em ano eleitoral. "Aumentar é impopular, e o governo está em um momento político difícil."

A complexidade da situação não se limita a isso. Há uma novidade: o petróleo está encarecendo ao mesmo tempo em que o câmbio no Brasil está sob pressão. "Se persistir o preço de 35 a 40 dólares o barril, e o câmbio aqui continuar acima de 3 reais, em dez a 15 dias o governo vai ter de aumentar o preço da gasolina e diesel." Foi o câmbio também, em movimento inverso, que desarrumou outro resultado da Petrobras. A apreciação valorização do real frente ao dólar vigente até há pouco tempo, prejudicou as exportações, que recuaram 27% em relação ao trimestre anterior e 13% comparando com o primeiro trimestre de 2003.

A majoração do preço dos derivados no Brasil, diz Pires, não deve ser superior a 10%. Sérgio Gabrielle, diretor financeiro da Petrobras, afirmou hoje (13/5) que a empresa está acompanhando a variação de custo do barril a longo prazo e que o realinhamento no mercado interno só vai acontecer se a tendência de alta se estabilizar. Prado, do Banco Fator, diz que o nível de cotação internacional da commodity é insustentável.No Brasil, o último reajuste no preço do petróleo e derivados ocorreu em abril de 2003.

Com informações da Agência Brasil</P

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