Economia

Petrobras aumenta gasolina em 10%, mas queda no ano ainda é de 24%

Reajuste é o primeiro anunciado pela Petrobras em junho e segue-se a quatro aumentos consecutivos em maio devido à recuperação dos preços de petróleo

Posto de combustível: repasse de reajustes nas refinarias até os consumidores finais não é imediato (Gustavo Gomes/Bloomberg/Getty Images)

Posto de combustível: repasse de reajustes nas refinarias até os consumidores finais não é imediato (Gustavo Gomes/Bloomberg/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 8 de junho de 2020 às 15h24.

Última atualização em 8 de junho de 2020 às 15h52.

A Petrobras elevará os preços médios da gasolina em suas refinarias em 10% a partir de terça-feira, enquanto as cotações do diesel seguirão estáveis, informou a companhia nesta segunda-feira, por meio da assessoria de imprensa.

O reajuste é o primeiro anunciado pela Petrobras em junho e segue-se a quatro aumentos consecutivos aplicados pela empresa para a gasolina em maio.

A estatal defende que sua política de preços busca seguir valores de paridade de importação, que levam em conta os valores no petróleo no mercado internacional mais custos de importadores, como transporte e taxas portuárias, com impacto também do câmbio.

"Consideramos o aumento coerente, tanto em intensidade como em momentum, com o movimento internacional do barril. O preço do Brent ultrapassou os 40 dólares de forma mais célere do que aquela que a companhia previa", disse o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman.

A alta da gasolina na refinaria também é uma boa notícia para produtores de etanol no Brasil.

Em entrevista à Reuters, o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, comentou que as altas de preços realizadas pela Petrobras ajudam o setor, que também enfrenta queda na demanda.

"Isso mostra que a gasolina está trazendo melhor competitividade para o etanol hidratado", disse Padua, ao comentar o reajuste anunciado nesta segunda-feira pela estatal.

O aumento na gasolina vem após um salto de mais de 19% na última semana nas cotações do petróleo Brent, referência internacional, em meio a movimentações da Opep para manter cortes de oferta, e algum otimismo com a recuperação econômica nos Estados Unidos e na China depois de impactos da pandemia de coronavírus.

No câmbio, por outro lado, o dólar tem caído na comparação com o real nos últimos dias, e operava abaixo de 5 reais nesta segunda-feira, após ter chegado à casa dos 5,80 reais na metade de maio. O dólar mais fraco favorece importações.

Apesar dos últimos aumentos, a gasolina nas refinarias da Petrobras está no momento quase 24% abaixo das cotações vistas no início do ano, em meio ao forte recuo do petróleo após uma inédita destruição de demanda associada a medidas de isolamento adotadas pelo mundo contra a disseminação do coronavírus.

Nos postos, enquanto isso, os preços médios praticados até a semana passada apontavam queda acumulada de 14,5% em 2020, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), embora com elevação nas últimas duas semanas, depois dos reajustes da Petrobras.

Já a cotação do etanol hidratado, segundo a ANP, está 18,75% abaixo dos patamares do começo do ano.

No diesel, combustível mais vendido do Brasil, a Petrobras já reduziu os preços nas refinarias em 35% em 2020, enquanto a baixa acumulada nas bombas é de 19,4%.

O repasse de reajustes nas refinarias até os consumidores finais não é imediato e depende de uma série de questões, como margem da distribuição e revenda, impostos e adição obrigatória de biodiesel.

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