Perda salarial atinge 1 em cada 4 trabalhadores durante crise, diz BTG/FSB
Entre os que estão ganhando menos, a perda salarial média foi de 44%
Ligia Tuon
Publicado em 1 de abril de 2020 às 14h55.
Última atualização em 2 de abril de 2020 às 02h56.
A crise do coronavírus já impactou os salários de 25% dos trabalhadores entrevistados por uma pesquisa feita pelo Instituto FSB, em parceria com o BTG Pactual e divulgada nesta quarta-feira, 1º. Esse contingente é formado por pessoas que já tiveram o salário reduzido (11%) e que ficaram sem nenhuma renda (15%) desde o início da pandemia do coronavírus, decretada em 11 de março pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Entre os que estão ganhando menos, a perda salaria média foi de 44%. Mesmo assim, para quase a metade (27%) desse contingente, a redução foi de mais de 50%.
O estudo traz ainda que 11% dos entrevistados dizem ter perdido seu emprego após o início da pandemia de coronavírus. Mulheres de 41 a 59 anos estão no grupo mais afetado.
O levantamento Os brasileiros e o coronavírus: visões sobre a pandemia e seus impactos econômicos ouviu, por telefone, 2.132 eleitores a partir de 16 anos, de todo o Brasil, nos dias 26 e 27 de março de 2020. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.
Apesar de o governo já ter anunciado uma série de medidas para tentar proteger a renda e o emprego dos trabalhadores, as regras ainda precisam de regulamentação. Entre elas estáo financiamento de parte dos salários de trabalhadores que tiverem jornada ou renda reduzidas pelas empresas em 20%, 25%, ou 30%.Outra, que prevê o pagamento mensal de 600 reais a informais e autônomos precisa da sanção do presidente Jair Bolsonaro.
Somado ao grupo de pessoas que já tiveram redução salarial, o de trabalhadores que acreditam que terão redução na renda mensal devido à crise chega a 46%.
Desses que ainda não tiveram alteração salarial, mas temem uma mudança, a expectativa média é de uma queda de 35%.
A crise também vem aumentando a ansiedade dos brasileiros quanto ao mercado de trabalho. Dos entrevistados, 43% dizem ter um medo grande ou muito grande de perder o emprego durante a crise. O sentimento atinge a mesma quantidade de homens e mulheres.
A pesquisa mostra que 87% dos entrevistados esperam que o desemprego seja maior ou muito maior por causa do vírus em três meses.
Gastos na quarentena
As medidas de isolamento social que foram adotadas em boa parte do país a partir da segunda metade de março também têm se refletido nos gastos dos consumidores. Para famílias com até um salário mínimo de renda mensal, esse corte foi de 63% e para as que ganham mais de cinco salários, 76%.
A redução de gastos é maior entre moradores da Região Sul do país (76%), seguida de 69% no Nordeste, 67% no Sudeste e 66% no Norte e Centro-Oeste.
Compra de comida pronta, bebidas em supermercados, bens duráveis, como eletrodomésticos e eletroeletrônicos e de roupas foram as primeiras a sair do radar da grande maioria. Embora contido, o aumento nos gastos foi direcionado a remédios e produtos de limpeza.