Economia

Pequena capacidade ociosa pode restringir superávit comercial

Expansão da economia levará as empresas a priorizarem o mercado interno. No curto prazo, a balança comercial pode ficar comprometida, de acordo com o CSFB

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h40.

O baixo nível de ociosidade da indústria brasileira exercerá efeitos positivos e negativos sobre a economia. Segundo um relatório do Credit Suisse First Boston (CSFB), as vantagens são o estímulo a novos investimentos e a menor pressão inflacionária no curto prazo, pois a expansão do nível de utilização ocorrerá, sobretudo, em setores voltados para o mercado interno, cuja ociosidade ainda é elevada. O lado negativo é que, no curto prazo, o superávit comercial pode ficar comprometido, pois o aquecimento econômico levará as empresas a priorizarem a demanda doméstica.

Para o CSFB, a pequena ociosidade tem efeitos distintos sobre os diversos setores industriais. No geral, em momentos de aquecimento econômico, as empresas tendem a defender seu espaço no mercado interno, a fim de evitar a entrada de um maior número de produtos importados. Um exemplo é o setor siderúrgico, que reduziu o volume de exportações em 7,3%, no ano passado, quando a economia cresceu 5,2%, e deve apresentar uma nova queda em 2005, de 3,4% - diante da previsão de um novo aumento de 4% do Produto Interno Bruto.

Uma conseqüência dessa opção das empresas seria a redução, no curto prazo, do superávit comercial. De acordo com o CSFB, embora pontuais, há setores com fortes restrições para o aumento imediato de sua produção, como fornecedores de componentes para veículos, pneus, aparelhos celulares e alguns tipos de aço. "Em geral, são questões pontuais, que já detonaram novos investimentos, mas que, no curto prazo, reduzem ou podem reduzir essencialmente o saldo comercial do país", afirma o relatório.

Pressão moderada

O banco também projeta um crescimento econômico mais balanceado neste ano. Se, em 2004, a expansão sustentou-se na agroindústria e nas exportações, este ano deve apresentar um maior avanço dos setores de semiduráveis e não-duráveis, tradicionalmente voltados para o mercado interno.

Como esses setores apresentam ainda uma elevada capacidade ociosa, a expansão de suas atividades não deverá gerar fortes pressões inflacionárias. Segundo o CSFB, o próprio Banco Central admite este fato, ao amenizar o tom sobre as ameaças à inflação em 2005, tanto na última ata do Comitê de Política Monetária, quanto em seu relatório de inflação divulgado em março. "O Banco Central reconhece a maior capacidade ociosa existente nos setores produtores de bens semi e não-duráveis, justamente aqueles que passaram aparentemente a ter maior peso na projeção do Banco Central de crescimento do produto interno", diz o CSFB.

Outro fator que pode moderar a pressão inflacionária é a elasticidade da capacidade instalada das indústrias. De acordo com o banco, os métodos tradicionais para medir o limite de ociosidade subestimam o potencial de reação das empresas ao aumento de demanda. Segundo o CSFB, a capacidade instalada não possui um teto tão rígido quanto se supõe, pois algumas medidas simples, como a criação de mais um turno de produção ou a contratação de mais empregados, podem aumentar bastante a capacidade produtiva de uma empresa.

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