PEC dos Precatórios: Bolsonaro fala em destinar recursos a servidores
Salário dos servidores federais está congelado desde 2019 e concursos públicos estão suspensos, medidas que foram cruciais para conter as despesas públicas este ano
Reuters
Publicado em 15 de novembro de 2021 às 16h54.
Última atualização em 15 de novembro de 2021 às 16h55.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que a folga no teto de gastos a ser criada pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios poderá ser usada, também, para reajuste dos servidores federais.
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"Dá para atender a população mais carente, dá para atender a questão orçamentária e pensamos até, dado o espaço que está sobrando, em atender até em parte os servidores", disse Bolsonaro durante entrevista em Dubai, onde está em viagem.
Até o momento, entre as várias intenções do governo para aproveitar a folga no Orçamento aberta pela PEC, o reajuste de servidores — mal visto pela equipe econômica dado o efeito cascata que causa-- não tinha sido aventada.
O salário dos servidores federais está congelado desde 2019 e concursos públicos estão suspensos, medidas que foram cruciais para conter as despesas públicas este ano.
O presidente defendeu a aprovação por parte do Senado da proposta já aprovada pela Câmara com a justificativa de que, se o governo não puder parcelar os precatórios que vencem em 2022 — cerca de 90 bilhões —, o governo ficará sem Orçamento.
A sobra no teto de gastos a ser criada pelo PEC, nos cálculos do governo, é de cerca de 89 bilhões de reais. Isso porque, além de adiar o pagamento das dívidas judiciais, o texto ainda alterou a data de referência da inflação usada para calcular o teto, passando de junho para dezembro.
De acordo com o relator da PEC no Senado, o líder do governo na Casa, Fernando Bezerra (MDB-PE), depois do pagamento do Auxílio Brasil de 400 reais e de ajustes financeiros necessários com a mudança do teto, sobrariam 11 bilhões de reais.
Deputados e senadores miram na sobra fiscal para acrescentar mais recursos às chamadas emendas de relator, distribuídas livremente pelo Congresso e pelo governo a parlamentares que votam nos projetos de interesse do Planalto.
No entanto, o próprio governo renovou a proposta de desoneração da folha de pagamento de 17 setores, que acabava em dezembro — e antes que o Congresso aprovasse uma lei com a extensão — com a intenção de usar também essas sobras para recompor os recursos que ganharia com a reoneração. Segundo as contas da equipe econômica, seriam necessários cerca de 5 bilhões de reais.