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Para economistas, retomada global impulsiona PIB em ano eleitoral

Um candidato sem compromissos com reformas econômicas e ajustes nas contas públicas pode ter impacto decisivo na economia brasileira

Dinheiro: "Quando o mundo está bem, o Brasil está bem. Com o mundo melhor como está, o Brasil pode ser ajudado sim" (Andre Popov/Thinkstock)
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Reuters

Publicado em 1 de fevereiro de 2018 às 17h27.

São Paulo - A disseminada aceleração da economia mundial vai dar suporte adicional para a economia brasileira neste ano, via fluxos financeiros, maior volume e renda com exportações de produtos básicos e investimentos, segundo economistas de mercado e da academia ouvidos pela Reuters.

Por outro lado, o principal risco para o país não se beneficiar destes bons ventos externos está na corrida eleitoral. Um candidato sem compromissos com reformas econômicas e ajustes nas contas públicas pode ter impacto decisivo no câmbio, juros futuros e mesmo na bolsa de valores.

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"Quando o mundo está bem, o Brasil está bem. Com o mundo melhor como está, o Brasil pode ser ajudado sim", disse o economista para América Latina do BNP Paribas, Gustavo Arruda.

"Na eleição, o importante é a continuação da política econômica e previsibilidade, o nome do candidato é menos importante. O investidor está preocupado com a economia real, setem perspectiva de continuação de reformas, de que a economia não vai parar por causa de eleição, isso acaba sendo mais determinante do que a corrida em si."

A economia mundial deve crescer 3,9 por cento neste ano e no próximo, na avaliação do Fundo Monetário Internacional (FMI), impulsionada por crescimento em todas as principais economias do mundo e pela reforma tributária dos Estados Unidos.

O principal fator global positivo para o país neste ano será a alta liquidez, em cenário de taxas de juros ainda baixas nas economias desenvolvidas apesar do recente movimento de aperto monetário, pois auxilia o fluxo financeiro, atenua flutuações na taxa de câmbio e facilita o financiamento de empresas brasileiras no exterior.

"Com inflação baixa e taxa de juros baixa, todos os efeitos acabam ajudando", disse o economista-chefe do Deutsche Bank para o Brasil, José Faria.

A melhor liquidez internacional vai impactar de forma mais direta o setor agrícola, via exportação de commodities, e de forma indireta setores industriais atrelados a cadeias produtivas globais, como o automotivo e máquinas e equipamentos, segundo os economistas.

Eles ressaltam, ainda, boas perspectivas de aquisições de empresas e maior participação acionária de estrangeiros em listadas na Bolsa e varejistas, diante da retomada da confiança do consumidor e do tamanho do mercado interno brasileiro.

"Se olharmos para os dois últimos anos, o que manteve a economia de pé foi o setor agrícola", afirmou o professor de economia do Insper Otto Nogami.

"Independentemente de nossa crise política e econômica, o Brasil acaba se beneficiando porque temos produtos básicos, soja, minério de ferro, algodão, milho... e os produtos básicos tendem a se beneficiar do crescimento mundial", acrescentou ele.

Depois de dois anos seguidos de recessão, o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve ter subido cerca de 1 por cento no ano passado e, para 2018, há contas de expansão na casa de 3 por cento.

Os investimentos estrangeiros diretos, aqueles voltados para a produção, também vão continuar entrando no Brasil e, assim, ajudando a puxar a atividade. Segundo previsão do Banco Central e referendada pelos economistas ouvidos pela Reuters, o Investimento Direto no País (IDP) deve subir 14 por cento neste ano, para 80 bilhões de dólares.

O bom humor externo é tamanho que a percepção de default do Brasil caiu, de acordo com Credit Default Swaps (CDS) de 5 anos, mesmo após o rebaixamento do rating soberano pela Standard&Poors.

O dólar tem perdido força ao redor do mundo com investidores buscando ativos de maior risco e rentabilidade em meio à recuperação global. A moeda norte-americana perdeu mais de 10 por cento contra uma cesta das principais divisas desde janeiro do ano passado até agora.

Risco

A incerteza sobre quem tem chances reais de vencer as eleições presidenciais, em um cenário mais complexo depois da condenação em segunda instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada, pode servir de anteparo aos bons ventos internacionais.

Após a condenação, Lula pode ficar mais distante da corrida eleitoral deste ano, abrindo, assim, uma lacuna que será disputada por diversos outros candidatos de diferentes vertentes.

"O risco mais importante é o cenário doméstico. O que vai determinar a velocidade da recuperação da economia no ano que vem são os fundamentos domésticos, se não conseguir controlar a situação fiscal, não vai crescer", disse Faria, do Deutsche Bank.

Ponto vital para o controle das contas públicas, a reforma da Previdência deve constar na agenda do sucessor de Michel Temer, segundo os economistas.

"É muito difícil separar 'politics' de 'policy' num ano eleitoral", disse o superintendente de pesquisa econômica do Itaú Unibanco, Fernando Gonçalves. "É baixa a chance de aprovação de reforma da Previdência (neste ano), é mais provável que fique para o próximo presidente", acrescentou.

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