Armínio Fraga (Oscar Cabral/VEJA)
Estadão Conteúdo
Publicado em 31 de março de 2018 às 11h34.
São Paulo - O ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga respondeu ao jornal O Estado de S. Paulo sobre o cenário da produtividade brasileira. Entre as questões, estão o motivo da produtividade no País ainda ser tão baixa e por que os problemas citados não são atacados.
Confira abaixo a entrevista.
Por que a produtividade no Brasil é tão baixa?
Há três dimensões básicas. Uma é a baixa capitalização da economia brasileira. Ao longo dos anos, o País tem investido pouco. Também há o lado da educação, do capital humano, que deixa a desejar. E, por último, temos a baixa qualidade das nossas instituições, ou seja, problemas de funcionamento de mercado como sistema tributário complexo, excesso de regulação ou regras confusas. São todos problemas bem conhecidos.
Por que nunca atacamos esses problemas?
O Brasil não acompanhou o desenvolvimento das economias mais maduras. Para explicar isso, entramos no mundo da cultura e, principalmente, da política, que tem se mostrado incapaz de dar as respostas necessárias a esses desafios. Isso requer visão de longo prazo, foco no bem comum, espírito público e confiança, tanto nas pessoas quanto nas instituições. É difícil mudar isso. Os processos são lentos. Mas, com tudo que tem acontecido nos últimos anos, os escândalos políticos e o colapso na economia, diria que estamos diante de uma boa oportunidade.
O governo perdeu a chance de aprovar reformas importantes para a produtividade?
Temos perdido oportunidades ao longo de muitos anos, já que os assuntos não são novos. Mas não seria exagero dizer que algumas coisas aconteceram. Algumas reformas foram feitas, como ajustes no setor de petróleo, energia, a lei das estatais e a reforma trabalhista. Não é pouco.
O sr. acha que o tema receberá atenção dos candidatos a presidente?
É um desafio importante. Temos nos mostrado vítimas fáceis do populismo. Minha esperança é que, em virtude do fracasso dessas políticas populistas, as coisas comecem a ficar mais claras. Mas infelizmente não tenho qualquer grau de certeza quanto a isso.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.