Os 10 maiores riscos para o mundo em 2018
A Eurasia Group, consultoria de risco, em relatório divulgado nesta terça-feira, apontou os maiores riscos políticos e econômicos para este ano
Karla Mamona
Publicado em 2 de janeiro de 2018 às 17h16.
Última atualização em 2 de janeiro de 2018 às 18h27.
São Paulo — A ascensão chinesa, a relação dos Estados Unidos com o Irã e a renegociação do México para permanecer no Tratado de Livre Comércio da América do Norte são alguns dos principais riscos do mundo neste ano. É o que afirma a Eurasia Group, consultoria de risco político, em relatório divulgado nesta terça-feira.
China
A Eurasia afirma que, até o ano passado, o governo chinês evitou falar sobre liderança global, mas a China redefiniu seu posicionamento no mercado externo.
A China se beneficia das atitudes de Donald Trump que tem renunciado o compromisso de multilateralismo liderado por Washington. “Esse cenário gerou muita incerteza sobre o futuro papel dos EUA na Ásia, criando um vácuo de poder que a China agora pode começar a preencher.”
Conflitos internacionais
Os conflitos internacionais foram classificados pela Eurasia como o maior risco de 2018. A consultoria lembra que não houve nenhuma grande crise geopolítica desde o 11 de Setembro e nenhuma criada pelos governos desde a crise dos mísseis cubanos, mas destaca que esse cenário pode mudar diante de qualquer erro ou julgamento.
“O mundo é um lugar mais perigoso. A probabilidade de acidentes geopolíticos aumentou significativamente.”
Segundo a consultoria, as ocorrências podem vir de ataques cibernéticos, da tensão na Coreia do Norte, do crescente desentendimento entre os Estados Unidos e a Rússia, da guerra na Síria e de ataques terroristas, que podem aumentar com o fim do poder do califado do Estado Islâmico na Síria e no Iraque.
Guerra fria tecnológica
Os Estados Unidos e a China estarão em uma disputa acirrada para dominar a inteligência artificial e a supercomputação. A consultoria afirma que a corrida está cada vez mais apertada, já que os americanos têm os melhores talentos enquanto Pequim têm mais tecnologia.
“A China continuará a investir dinheiro em seus setores domésticos de pesquisa em hardware, enquanto os EUA lutam com menos controle sobre os melhores desempenhos do setor privado do que Pequim.”
México
O ano será decisivo para o México com a renegociação do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta em inglês) e as eleições presidenciais em julho. Os dois fatores são apontados como riscos de mercado significativos.
Sobre o Nafta, a Eurasia afirma que ainda é possível uma negociação bem sucedida, apesar de o presidente americano, Donald Trump, ter ameaçado sair do tratado. Para que a renegociação ocorra é necessário que os Estados Unidos limitem suas propostas cada vez mais protecionistas.
Sobre as eleições no país, a consultoria destaca que o descontentamento dos mexicanos com o governo atual após escândalos de corrupção favorece a candidatura de Andrés Manuel Lopez Obrador, ex-prefeito da Cidade do México.
“Lopez Obrador não é tão radical como alguns rivais o retratam, mas representa uma ruptura com o modelo econômico implementado no México desde 1980, particularmente para a abertura do setor de energia.”
Irã e Estados Unidos
A relação entre o Irã e os Estados Unidos é um grande risco geopolítico e de mercado em 2018. A consultoria afirma que o acordo nuclear entre os países deve sobreviver a este ano, mas que é possível que os problemas aumentem.
De acordo com a Eurasia, os Estados Unidos planejam implementar uma estratégia para combater as ambições nucleares do Irã, o que significa um forte apoio à Arábia Saudita para conter o Irã na Síria, no Iraque, no Líbano e no Iêmen.
A erosão das instituições
Em todo o mundo, a confiança da população em instituições tecnocráticas diminuiu abruptamente, em alguns casos devido à interferência política direta em seu trabalho.
A consultoria afirma que a turbulência política e a mudança para o autoritarismo em alguns países tornarão as políticas econômicas e de segurança menos previsíveis. Disse ainda que o populismo aparente no voto do Brexit e a eleição de Donald Trump criaram um populismo tóxico em países em desenvolvimento.
“Também estamos vendo a ampla erosão das instituições políticas no leste da Europa, na Espanha, na Turquia, no Brasil, na África do Sul e em outros países.”
Protecionismo 2.0
O fortalecimento de forças políticas anti-establishment fez com que os políticos mudassem sua abordagem e agissem como se estivessem fazendo algo sobre os “empregos perdidos”.
Segundo a Eurasia, os governos não estão apenas tentando proteger vantagens comparativas em setores tradicionais, como agricultura, metais, produtos químicos e máquinas, por preocupação com empregos perdidos ou interesses econômicos domésticos. Existe uma forte onda na intervenção na economia digital e no setor de inovação visando preservar a propriedade intelectual e as tecnologias relacionadas como componentes críticos da competitividade nacional.
Reino Unido
Se 2017 não foi bom para o Reino Unido, este ano será ainda pior. Segundo a consultoria, os problemas virão de negociações após a saída do Brexit. “As questões que agora devem ser negociadas são muito complexas e as políticas também são divisórias.”
A Eurasia afirma que as decisões que serão tomadas podem custar o emprego da primeira-ministra Theresa May. Se isso acontecer, há dois cenários possíveis. O primeiro seria a substituição de May por uma figura do Partido Conservador. Já o segundo cenário seria a substituição por Jeremy Corbyn, líder do partido trabalhista.
Políticas de identidade no sul da Ásia
A política de identidade no sul da Ásia vem surgindo de várias formas. O relatório destaca o aumento do islamismo, a aversão aos chineses e um intenso nacionalismo indiano.
“A tendência ameaça o futuro dessas regiões cada vez mais prósperas, criando desafios inesperados para os governos e investidores estrangeiros.”
Segurança na África
Segundo a Eurasia, as ameaças oriundas do continente africano provêm da militância e do terrorismo. “Os perigos colocados pela Al Shabaab na África Oriental e pela Al Qaeda na África Ocidental não são novos. Mas devem se intensificar.”