Economia

Opep+ considera corte significativo de produção em meio ao coronavírus

O corte na taxa de juros dos EUA forneceu suporte aos preços do petróleo, mas eles voltaram a cair quando o painel técnico da Opep+ recomendou um novo corte

Opep: os preços do petróleo caíram 20% desde o início do ano (Pramote Polyamate/Getty Images)

Opep: os preços do petróleo caíram 20% desde o início do ano (Pramote Polyamate/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 3 de março de 2020 às 15h24.

Viena — A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados vão considerar a realização de cortes substanciais de produção para elevar os preços da commodity, que têm sido afetados pela epidemia de coronavírus, disse o ministro de Petróleo da Argélia nesta terça-feira, à medida que autoridades começam a chegar a Viena para as negociações desta semana.

Espera-se que o grupo, conhecido como Opep+, considere aprofundar os cortes de bombeamento já existentes com a remoção de mais 1 milhão de barris por dia (bpd), embora até este momento a Rússia tenha se mostrado relutante em apoiar a proposta, apesar da queda de 20% nos preços do petróleo desde o início do ano.

A Opep, a Rússia e outros países produtores já possuem um acordo para o corte de 2,1 milhões de bpd, em vigência desde 1º de janeiro. A cifra não inclui cortes adicionais voluntários promovidos pela Arábia Saudita.

Isso, porém, não foi suficiente para conter o impacto do vírus sobre a China, maior importadora de petróleo do mundo, e sobre toda a economia global, uma vez que fábricas interromperam produção, viagens foram limitadas e outros negócios também desaceleraram, atingindo a demanda por petróleo.

Antes da cúpula desta semana, fontes afirmaram que a Arábia Saudita e alguns outros países produtores propuseram a extensão do pacto já existente até o final de 2020 --o atual acordo expira em março. Além disso, também foi proposto um corte de produção de mais 1 milhão de bpd, que valeria apenas a partir do segundo trimestre.

A Rússia, que indicou apoio a uma extensão, ainda precisaria ser convencida pela proposta de cortes mais profundos, mesmo com o recuo do barril do petróleo Brent para cerca de 52 dólares --nível que prejudica diversos produtores, embora o presidente russo, Vladimir Putin, tenha dito que as atuais cotações são aceitáveis para Moscou.

Nesta terça-feira, um corte emergencial da taxa de juros dos Estados Unidos pelo Federal Reserve forneceu suporte aos preços do petróleo, mas eles voltaram a sofrer um leve golpe quando o painel técnico da Opep+, o Comitê Técnico Conjunto (JTC, na sigla em inglês), recomendou um novo corte de 600 mil bpd no segundo trimestre --mesmo nível que havia recomendado na reunião do mês passado.

O JTC também recomendou a extensão dos cortes atuais até o final de 2020. Mesmo assim, os ministros participantes da cúpula ainda podem decidir pelo apoio a cortes mais profundos.

"Nós vamos discutir a possibilidade de um novo corte substancial, retirando do mercado as quantidades que não forem consumidas devido ao coronavírus", disse o ministro do Petróleo da Argélia e presidente da Opep, Mohamed Arkab, à agência de notícias estatal APS.

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