Com esta decisão, a Opep+ busca conter a queda de preços. Atualmente, o petróleo cru americano WTI e o Brent do Mar do Norte beiram os 70 dólares o barril (Robbie Corey-Boulet/AFP)
Redação Exame
Publicado em 3 de novembro de 2024 às 16h12.
Última atualização em 4 de novembro de 2024 às 07h02.
Oito países-membros da Opep+, entre eles a Arábia Saudita e a Rússia, anunciaram, neste domingo, 3, a prorrogação até o final de dezembro de seus cortes na produção de petróleo, em um contexto de queda dos preços.
Os oito países "acordaram prorrogar por um mês suas reduções voluntárias (...) de 2,2 milhões de barris diários", informou o cartel em um comunicado.
Com esta decisão, a Opep+ busca conter a queda de preços. Atualmente, o petróleo cru americano WTI e o Brent do Mar do Norte beiram os 70 dólares o barril.
Há meses, os preços estão lastreados pela incerteza econômica, sobretudo na China, segundo consumidor mundial e principal motor do crescimento da demanda global de petróleo, e nos Estados Unidos, diante das dúvidas sobre as eleições presidenciais americanas, na próxima terça-feira, 5.
Segundo a Fortune, a decisão ocorre em um momento de desafios para o mercado de petróleo, com a demanda global apresentando sinais de enfraquecimento, especialmente na China e Europa.
Nos últimos quatro meses, o preço do Brent caiu 17%, chegando próximo a US$ 73 (R$ 416,14) por barril — valor insuficiente para países da OPEP+, como a Arábia Saudita, financiarem seus orçamentos públicos e investimentos. Segundo a Agência Internacional de Energia, mesmo com as restrições de oferta, a expectativa é de que o mercado enfrente um excesso de oferta em 2025.
Para a Arábia Saudita, esse nível de preço ameaça a viabilidade dos projetos do príncipe Mohammed bin Salman, que planeja uma série de investimentos com base em uma cotação mais elevada do petróleo. Entretanto, alguns analistas consideram que o adiamento tem impacto limitado, já que muitos investidores esperavam que a OPEP+ postergasse o aumento de produção. Segundo Jorge Leon, vice-presidente da Rystad Energy, em entrevista para a Fortune, a decisão também reflete o cenário geopolítico, com tensões no Oriente Médio e as eleições presidenciais nos Estados Unidos como fatores que afetam o mercado.
A decisão de postergar o aumento de produção é vista por especialistas como uma tentativa da OPEP+ de manter o controle sobre os estoques globais e evitar que uma oferta excessiva comprometa o preço. Esse movimento contrasta com as críticas de alguns setores que consideram a organização como uma entidade interessada em expandir sua fatia de mercado.
Em junho, a OPEP+ delineou um plano para restabelecer gradualmente a produção em 2,2 milhões de barris diários, suspensos ao longo dos últimos anos. No entanto, a oferta crescente dos Estados Unidos, Brasil, Canadá e Guiana, além da queda na demanda chinesa, dificultou a recuperação planejada. A produção nos Estados Unidos atingiu 13,4 milhões de barris diários em agosto, o maior volume registrado até então, enquanto membros da OPEP+, como Rússia e Cazaquistão, vêm enfrentando dificuldades para cumprir as cotas de produção estabelecidas.
A aliança pretende revisar a política de produção novamente em dezembro, quando ocorrerá uma reunião para definir a estratégia para 2025. De acordo com previsões de bancos como JPMorgan, o mercado de petróleo pode experimentar uma queda adicional nos preços, com estimativas de valores no patamar de US$ 60 (R$ 342,03) para o ano de 2025.
Em 2016, os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), liderados pela Arábia Saudita, e seus aliados, encabeçados pela Rússia, assinaram um acordo denominado Opep+ para aumentar sua influência no mercado.
Atualmente, esta aliança de 22 membros mantém no subsolo cerca de seis milhões de barris mediante três mecanismos diferentes, alguns ao nível de todo o grupo e outros em forma de cortes adicionais voluntários.
Seus ministros devem se reunir no começo de dezembro em Viena, sede da Opep, mas com o anúncio deste domingo, os oito países que realizam estes cortes voluntários já decidiram não voltar a abrir as torneiras até o começo de 2025.
(Com AFP)