Economia

Obama vai à Alemanha para defender tratado de livre comércio

"Não abandonaremos os esforços para negociar um acordo de livre comércio com nosso maior sócio: o mercado europeu", disse o presidente à imprensa britânica.

Barack Obama e Angela Merkel: presidente americano deseja concluir o acordo antes de deixar o poder, no início de 2017. (Kevin Lamarque/Reuters)

Barack Obama e Angela Merkel: presidente americano deseja concluir o acordo antes de deixar o poder, no início de 2017. (Kevin Lamarque/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de abril de 2016 às 10h39.

O presidente americano, Barack Obama, desembarcou neste domingo em Hanover (norte da Alemanha) para uma reunião com a chanceler Angela Merkel e defender o TTIP, o criticado tratado de livre comércio em negociação atualmente com a União Europeia (UE).

O salão industrial de Hanover, o mais importante do mundo e que tem este ano os Estados Unidos como país convidado, oferece aos dois governantes uma plataforma ideal para para promover o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio de Investimento (TTIP).

Obama desembarcou às 13H00 locais (8H00 de Brasília) e deve inaugurar o salão à noite, ao lado da chanceler alemã, antes de um jantar com empresários.

"Não abandonaremos os esforços para negociar um acordo de livre comércio com nosso maior sócio: o mercado europeu", disse à imprensa britânica.

Obama deseja concluir o acordo antes de deixar o poder, no início de 2017.

Neste domingo, o presidente americano reiterou as advertências ao Reino Unido na área comercial a respeito de uma eventual saída do país UE. Na hipótese de "Brexit", Londres "não estará em posição de negociar algo com os Estados Unidos mais rápido que a UE", destacou.

As negociações sobre o TTIP estão paralisadas por fortes divergências entre as duas partes, alimentadas por um ceticismo crescente das opiniões tanto nos Estados Unidos como na Europa. Em Hanover, dezenas de milhares de pessoas protestaram no sábado contra o megaprojeto.

Também no governo alemão, considerado um dos principais defensores do projeto na Europa, cresce a impaciência.

O acordo "fracassará" se não existirem concessões de Washington, advertiu neste domingo o ministro alemão da Economia, Sigmar Gabriel. O número dois do Executivo germânico rejeitou mais uma vez um texto que, segundo ele, no momento pode ser resumido em poucas palavras: "Compre (produto) americano"

Também na França a resistência aumenta. O presidente François Hollande se nega a falar sobre o TTIP em um encontro que será organizado por Merkel em Hanover na segunda-feira, que terá a presença de Hollande e Obama, além dos chefes de Governo da Grã-Bretanha e da Itália.

A informação foi divulgada pela revista alemã Der Spiegel e tem uma razão: o tema é muito impopular na França.

Elogios a Merkel

Apesar das divergências, a escolha de viajar a Alemanha mais uma vez, a quinta desde que chegou ao poder, evidencia a posição que Obama atribui à chanceler Merkel, a dirigente europeia a que melhor conhece após dois mandatos na Casa Branca.

"Guardiã de Europa", de atitude "corajosa" durante a crise migratória... Obama não poupa elogios a Merkel e disse que tem "orgulhoso de que ela seja sua amiga".

"Ela encarna muitas das qualidades que mais admiro em um governante. Se guia ao mesmo tempo por interesses e por valores", disse em uma entrevista ao jornal Bild, o de maior tiragem na Alemanha.

O enfoque político de Obama, muito analítico, é próximo ao de Merkel, com a qual tem uma relação "cerebral sem igual", segundo colaboradores próximos.

O jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung chegou a chamar Obama e Merkel de "almas gêmeas".

Mas a relação nem sempre foi fácil. Durante a crise do euro, Washington criticou Berlim por sua rigidez ideológica a respeito da disciplina fiscal. O momento de maior tensão aconteceu em 2013, com a descoberta das escutas da agência de inteligência americana NSA no telefone celular de Angela Merkel.

Mas os dois se aproximaram com a postura firme a respeito da Rússia na crise ucraniana e durante as negociações que resultaram, ano passado, em um acordo sobre o programa nuclear iraniano.

Obama concluirá a viagem pela Europa na segunda-feira em Hanover com um aguardado discurso sobre sua visão das relações transatlânticas.

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