Duas dezenas de líderes empresariais, trabalhistas e da sociedade civil vão se reunir com o presidente dos EUA, Barack Obama, para discutir como controlar o déficit federal (Kevin Lamarque/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2012 às 15h29.
Washington - O presidente norte-americano, Barack Obama, afirmou nesta quarta-feira que os republicanos têm de concordar em aumentar os impostos aos mais ricos como ponto de partida para um acordo tributário que evite Washington de levar a economia a uma recessão.
Em sua primeira entrevista coletiva após ser reeleito, na semana passada, Obama disse estar aberto a considerar temas avaliados como prioritários para os republicanos, como reformas nos programas assistenciais e no código tributário, como parte de um acordo mais amplo para colocar as finanças do país em uma trajetória sustentável.
Mas o presidente afirmou que, primeiramente, os republicanos no Congresso terão de concordar com sua maior prioridade nas complexas negociações, que buscam evitar uma combinação de aumento de impostos e corte de gastos de 600 bilhões de dólares que poderia deter a frágil recuperação econômica no começo do próximo ano.
"O que não vou fazer é ampliar ainda mais um corte tributário para aqueles que não precisam disso", completou Obama, pouco antes de um encontro com líderes empresariais que estão pressionando autoridades para um acordo.
O relacionamento de Obama com a comunidade empresarial dos Estados Unidos foi tenso em grande parte de seu primeiro mandato e não está claro qual o apoio que ele conseguirá de executivos que em muitos casos apoiaram Mitt Romney, seu adversário na disputa presidencial.
Líderes republicanos indicaram alguma vontade em se chegar a um acordo. Enquanto eles se opõem ao plano de Obama de elevar os impostos sobre os 2 por cento mais ricos dos contribuintes do país, eles afirmaram que poderão ir adiante com um acordo que aumente a arrecadação, impondo limites aos benefícios tributários aos ricos.
As bases conservadoras não estão tão interessadas em chegar a um acordo.
"Continuaremos lutando contra qualquer membro de nossa convenção que decida que esse é um bom momento para se elevar impostos", afirmou o deputado republicano Raul Labrador.
Os democratas no Congresso querem que as negociações se concentrem mais fortemente no aumento de impostos, em vez de cortes adicionais de gastos antes do fim do ano, segundo um assessor, embora estariam dispostos a considerar outros elementos no futuro.
Legado de uma ação prorrogada - Se os dois lados não firmarem um acordo até o fim do ano, os impostos sobre renda e investimentos vão aumentar para todos os norte-americanos, e os programas do governo, da defesa à educação, serão alvo de cortes profundos e amplos.
Vários benefícios fiscais concedidos a empresas, incluindo energia eólica e pesquisa, também deixarão de valer.
Isso pode gerar uma contração econômica de 0,5 por cento e elevar a taxa de desemprego para até 9,1 por cento até o fim do ano que vem, de acordo com o Comitê Orçamentário do Congresso. A atual taxa de desemprego é de 7,9 por cento.
O prazo final deriva de anos de disfunção em que parlamentares e presidentes adiaram decisões difíceis que tinham o objetivo de consertar as finanças do país.
Obama e os republicanos poderiam firmar um acordo temporário que daria mais tempo para chegar a um meio termo, ou estabelecer as linhas gerais de um plano orçamentário amplo que poderia incentivar a economia no curto prazo e conter a crescente carga da dívida do país ao longo da próxima década.