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O que atrapalha o comércio exterior no Brasil — em 6 dados

Estudo inédito da Thomson Reuters em parceria com a KPMG mostra o que atravanca as empresas na hora de exportar - e o que pode dar fôlego

Exportação: estudo mostra o que atrapalha as empresas brasileiras na hora de exportar - e o que pode dar fôlego. (gyn9038/ThinkStock)

Vanessa Barbosa

Publicado em 16 de novembro de 2015 às 17h56.

São Paulo - A movimentação de contêineres nos portos do país segue um ritmo crescente. No acumulado do ano, a balança comercial brasileira está positiva (exportações maiores que importações) em US$ 12,244 bilhões, maior saldo para janeiro a outubro desde 2012, quando ocorreu superávit de US$ 17,345 bilhões. Pelos cálculos do governo, a balança deve fechar 2015 com saldo positivo de mais de US$ 15 bilhões e dobrar o resultado no ano que vem, com as exportações superando as importações em mais de US$ 30 bilhões.

Mas o bom desempenho não significa, necessariamente, que as empresas brasileiras estejam em "sua melhor forma" quando o assunto é comércio exterior . Há muita coisa que elas podem e devem fazer para ganhar fôlego e aumentar em competitividade .

Segundo um novo estudo global divulgado nesta segunda-feira (16) pela Thomson Reuters em parceria com a KPMG , 70% das empresas poderiam ser mais competitivas em seus processos de exportação se otimizassem a gestão de suas operações.

De acordo com o levantamento, o processo de gestão das operações de importação e exportação é complexo e, para 2/3 dos respondentes da pesquisa, deve se tornar ainda mais complicado nos próximos 3 a 5 anos.

Os maiores desafios que os gestores enfrentam atualmente estão relacionados aos processos manuais realizados em sistemas distintos e à complexidade das alterações normativas — que no Brasil chegam em média a 3 alterações por dia útil, de acordo com a Associação de Comércio Exterior do Brasil.

Também foram mencionados como desafios importantes a interpretação de regras em diferentes países, a mudança de exigências junto a instituições públicas locais e a necessidade de lidar com processos antiquados.

A burocracia , inevitavelmente, é um complicador do comércio exterior. Segundo os entrevistados, os processos que consomem mais tempo e recursos são documentação e licenciamento de importação, a gestão de despachantes aduaneiros e a classificação de importação de produtos. Estes processos também são vistos como atividades que criam os maiores riscos de multas ou elevados custos operacionais.

A pesquisa global foi realizada com 446 especialistas e gestores de comércio exterior de 11 países diferentes: Argentina, Brasil, Chile, China, Colômbia, Coréia do Sul, Estados Unidos, India, Japão, México e Peru, sendo que a maior participação entre todos os países foi de executivos brasileiros.

Confira abaixo os principais resultados para o Brasil

1. Burocracia

Quando perguntados sobre tempo e recursos alocados para as atividades relacionadas a comércio exterior, os fatores mais citados entre os brasileiros foram: documentação e licenciamento de importação (26%), gerenciamento de despachantes (23%) e classificação de produtos importados (23%).


2. Uso de tecnologia integrada para gerenciar operações de comércio exterior

Um total de 63% disse não usar plataformas e sistemas específicos para gestão das atividades de comércio exterior. Dentre eles, a falta de experiência prévia (22%) e a falta de suporte ou orçamento dentro da organização (30%) foram os itens mais citados para justificar esse não adoção.

Os 37% que já fazem uso de sistemas de gestão explicaram por que não utilizam as ferramentas em todas as operações de importação e exportação: a questão de orçamento limitado obteve 17% das respostas e a existência de múltiplos sistemas de gestão empresarial (ERP, na sigla em inglês) foi considerada um complicador por 27%.

3. Uso dos Acordos de Livre Comércio

No que diz respeito aos Acordos de Livre Comércio (FTAs), apenas 6% informaram usar mais de 10 dos acordos disponíveis em seus países; 9% utilizam de 6 a 9 FTAs; 24% utilizam entre 3 e 5; e 36%, até 2. Um quarto dos entrevistados revelou não usar nenhum FTA. E ainda, 82% afirmaram não utilizar todo o potencial dos FTAs.

De acordo com a pesquisa, esses dados sugerem que, provavelmente, as empresas estão pagando mais do que o necessário em tarifas e impostos e, como consequencia, perdendo em competitividade no mercado internacional.

Como razões para esse quadro, os respondentes mencionaram a complexidade das regras de origem (39%); os desafios para obtenção de documentação dos fornecedores de matéria-prima (24%); falta de conhecimento da equipe interna (42%); alterações ao projeto de lei de origem de material e de sourcing (16%); falta de equipe focada no cumprimento regulatório dos FTAs (19%); e benefícios não compensam os riscos e os esforços a serem implementados (12%).

4. Benefícios de regimes especiais

A Receita Federal do Brasil (RFB) permite que os importadores e exportadores do país tenham benefícios de suspensão ou isenção de tributos, na entrada ou na saída de mercadorias do território brasileiro, através de alguns Regimes Aduaneiros Especiais.

Sobre a utilização destes regimes, 83% dos entrevistados afirmam saber intermediário/superficialmente sobre os benefícios que eles proporcionam para as empresas, e apenas 17% alegam conhecer/beneficiar-se dos regimes disponíveis no Brasil.


5. Riscos de penalidades e sanções

Convidados a avaliar diferentes atividades relacionadas ao comércio exterior em relação ao risco de penalidades, outras sanções regulatórias e impacto de aumento do custo, 28% dos entrevistados consideraram a classificação de produtos de importação como a mais relevante.

Os desafios mais citados para explicar isso foram: ambiguidade na descrição de produtos (45%); classificações diferentes em cada país (35%); eficiência no workflow de classificação (28%); e alterações frequentes nas regras de classificação do Governo (39%);


6. Conhecendo os clientes

E sobre Trade-Compliance (termo que, no jargão do mercado, designa as políticas, normas e os procedimentos que guiam as importações e exportações) 79% dos respondentes consideram ser necessário conhecer a reputação e seus clientes, fornecedores e parceiros, porém apenas 68% utilizam soluções tecnológicas para facilitar tal processo.

São Paulo - Quais países têm o ambiente mais favorável para abrir empresas e fazer negócios? Segundo um ranking do Banco Mundial, Singapura continua sendo o principal centro global para os negócios. Nova Zelândia e Dinamarca ocupam, respectivamente, o segundo e terceiro lugar. A pesquisa " Doing Business 2016: Measuring Regulatory Quality and Efficiency " foi feita com 189 economias e analisa regulamentações, dificuldades e facilidades do ambiente de negócios que influenciam as empresas ao longo de seus ciclos de vida. Nesta nova edição, o Brasil caiu cinco lugares e passou para a 116ª colocação.  Cada país foi avaliado em dez grandes conjuntos de indicadores: facilidade de abrir um negócio, obtenção de alvarás de construção, acesso à energia elétrica, facilidade de registro de propriedades, obtenção de crédito, proteção de investidores minoritários, pagamento de impostos, comércio internacional, execução de contratos e resolução de insolvência. O estudo também levou em conta as reformas empreendidas para melhorar o ambiente de negócios no período de junho de 2014 a junho de 2015. Clique nas fotos e veja 10 países líderes do ranking e o desempenho por indicador.
  • 2. 1. Singapura

    2 /12(Thinckstock)

  • Veja também

    Desempenho por indicador e pontuação geral1º /87.34
    Começar um negócio10º
    Obtenção de alvarás de construção
    Acesso à energia elétrica
    Registro de propriedades17º
    Obtenção de crédito19º
    Proteção de investidores minoritários
    Pagamento de impostos
    Execução de contratos
    Comércio internacional41º
    Resolução de insolvência27º
  • 3. 2. Nova Zelândia

    3 /12(Paul Ellis/AFP)

  • Desempenho por indicador e pontuação geral2º /86.79
    Começar um negócio
    Obtenção de alvarás de construção
    Acesso à energia elétrica31º
    Registro de propriedades
    Obtenção de crédito
    Proteção de investidores minoritários
    Pagamento de impostos22º
    Execução de contratos15º
    Comércio internacional55º
    Resolução de insolvência31º
  • 4. 3. Dinamarca

    4 /12(Wikimedia Commons)

    Desempenho por indicador e pontuação geral3º / 84.40
    Começar um negócio29º
    Obtenção de alvarás de construção
    Acesso à energia elétrica12º
    Registro de propriedades
    Obtenção de crédito28º
    Proteção de investidores minoritários20º
    Pagamento de impostos12º
    Execução de contratos37º
    Comércio internacional
    Resolução de insolvência
  • 5. 4. Coreia do Sul

    5 /12(Wikimedia Commons)

    Desempenho por indicador e pontuação geral4º /83.88
    Começar um negócio23º
    Obtenção de alvarás de construção28º
    Acesso à energia elétrica
    Registro de propriedades40º
    Obtenção de crédito42º
    Proteção de investidores minoritários
    Pagamento de impostos29º
    Execução de contratos
    Comércio internacional31º
    Resolução de insolvência
  • 6. 5. Hong Kong

    6 /12(Thinckstock)

    Desempenho por indicador e pontuação geral5º /83.67
    Começar um negócio
    Obtenção de alvarás de construção
    Acesso à energia elétrica
    Registro de propriedades59º
    Obtenção de crédito19º
    Proteção de investidores minoritários
    Pagamento de impostos
    Execução de contratos22º
    Comércio internacional47º
    Resolução de insolvência26º
  • 7. 6. Reino Unido

    7 /12(Wikimedia Commons)

    Desempenho por indicador e pontuação geral6º /82.46
    Começar um negócio17º
    Obtenção de alvarás de construção23º
    Acesso à energia elétrica15º
    Registro de propriedades45º
    Obtenção de crédito19º
    Proteção de investidores minoritários
    Pagamento de impostos15º
    Execução de contratos33º
    Comércio internacional38º
    Resolução de insolvência13º
  • 8. 7. Estados Unidos

    8 /12(Thinkstock)

    Desempenho por indicador e pontuação geral7º/82.15
    Começar um negócio49º
    Obtenção de alvarás de construção33º
    Acesso à energia elétrica44º
    Registro de propriedades34º
    Obtenção de crédito
    Proteção de investidores minoritários35º
    Pagamento de impostos53º
    Execução de contratos21º
    Comércio internacional34º
    Resolução de insolvência
  • 9. 8. Suécia

    9 /12(Getty Images)

    Desempenho por indicador e pontuação geral8º /81.72
    Começar um negócio16º
    Obtenção de alvarás de construção19º
    Acesso à energia elétrica
    Registro de propriedades11º
    Obtenção de crédito70º
    Proteção de investidores minoritários14º
    Pagamento de impostos37º
    Execução de contratos24º
    Comércio internacional17º
    Resolução de insolvência19º
  • 10. Noruega

    10 /12(Thinckstock)

    Desempenho por indicador e pontuação geral9º /81.61
    Começar um negócio24º
    Obtenção de alvarás de construção26º
    Acesso à energia elétrica18º
    Registro de propriedades13º
    Obtenção de crédito70º
    Proteção de investidores minoritários14º
    Pagamento de impostos14º
    Execução de contratos
    Comércio internacional45º
    Resolução de insolvência
  • 11. 10. Finlândia

    11 /12(Thinkstock)

    Desempenho por indicador e pontuação geral10º /81.05
    Começar um negócio33º
    Obtenção de alvarás de construção27º
    Acesso à energia elétrica16º
    Registro de propriedades20º
    Obtenção de crédito42º
    Proteção de investidores minoritários66º
    Pagamento de impostos17º
    Execução de contratos30º
    Comércio internacional32º
    Resolução de insolvência
  • 12. E o Brasil em 116º...

    12 /12(Thinkstock/anyaberkut)

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