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Turquia vive um misterioso vai e vem de bilhões de dólares

Fluxos de capital de bilhões de dólares estão escondidos na linha "erros e omissões" e alimentam desconfiança sobre o grave déficit em conta corrente do país

2. Turquia (Getty Images)

João Pedro Caleiro

Publicado em 30 de janeiro de 2015 às 12h15.

São Paulo - Um número está chamando a atenção na balança de pagamentos da Turquia .

Nada menos do que US$ 7,9 bilhões misteriosos fluíram para dentro do país entre janeiro e agosto de 2014, e ninguém sabe de onde. Nos dados do Banco Central, o número aparece na linha "erros e omissões".

Nos três meses seguintes, o fluxo se reverteu e US$ 5,6 bilhões deixaram o país. Só em novembro, a saída foi de US$ 3,46 bilhões, a maior em mais de 16 anos.

A título de comparação, os "erros e omissões" no Brasil tiveram saldo negativo de US$ 2,2 bilhões no ano todo, e isso em uma economia quase três vezes maior.

Algumas hipóteses foram levantadas pela Bloomberg: o fluxo para dentro pode estar relacionado com uma fuga de capital da Síria e do Iraque, países ameaçados pelo Estado Islâmico e que empurraram para dentro da Turquia cerca de 1,5 milhão de refugiados. Já a saída de dólares coincide com períodos de apreciação da lira, diz um especialista.

Cenário

O número importa porque a Turquia tem um problema sério de déficit em conta corrente, o balanço de transações com o exterior que engloba itens como comércio, trocas de serviços, gastos de turismo e dividendos de empresas.

Quando há déficit, isso significa que o país precisa de capital externo para se financiar. Não ajuda em nada a confiança quando ninguém sabe de onde esse dinheiro está vindo ou saindo, como está acontecendo na Turquia.

Em setembro de 2013, o banco Morgan Stanley já havia colocado o país em um grupo dos "5 Frágeis" (ou BIITS), economias vulneráveis ao futuro aumento de juros nos Estados Unidos.

Ninguém sabe quando ele vai acontecer, mas o mercado já reage há muito tempo a essa perspectiva. Juros mais altos significam um Estados Unidos mais atrativo para um capital que de outra forma, estaria buscando lucros mais altos em mercados emergentes.

O Brasil não escapa desse risco e também ficou entre os "5 frágeis". O déficit em conta corrente do país foi de 3,6% em 2013 para 4,2% em 2014, e tem sido financiado através dos dólares que entram como investimento estrangeiro direto.

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Nada menos do que US$ 7,9 bilhões misteriosos fluíram para dentro do país entre janeiro e agosto de 2014, e ninguém sabe de onde. Nos dados do Banco Central, o número aparece na linha "erros e omissões".

Nos três meses seguintes, o fluxo se reverteu e US$ 5,6 bilhões deixaram o país. Só em novembro, a saída foi de US$ 3,46 bilhões, a maior em mais de 16 anos.

A título de comparação, os "erros e omissões" no Brasil tiveram saldo negativo de US$ 2,2 bilhões no ano todo, e isso em uma economia quase três vezes maior.

Algumas hipóteses foram levantadas pela Bloomberg: o fluxo para dentro pode estar relacionado com uma fuga de capital da Síria e do Iraque, países ameaçados pelo Estado Islâmico e que empurraram para dentro da Turquia cerca de 1,5 milhão de refugiados. Já a saída de dólares coincide com períodos de apreciação da lira, diz um especialista.

Cenário

O número importa porque a Turquia tem um problema sério de déficit em conta corrente, o balanço de transações com o exterior que engloba itens como comércio, trocas de serviços, gastos de turismo e dividendos de empresas.

Quando há déficit, isso significa que o país precisa de capital externo para se financiar. Não ajuda em nada a confiança quando ninguém sabe de onde esse dinheiro está vindo ou saindo, como está acontecendo na Turquia.

Em setembro de 2013, o banco Morgan Stanley já havia colocado o país em um grupo dos "5 Frágeis" (ou BIITS), economias vulneráveis ao futuro aumento de juros nos Estados Unidos.

Ninguém sabe quando ele vai acontecer, mas o mercado já reage há muito tempo a essa perspectiva. Juros mais altos significam um Estados Unidos mais atrativo para um capital que de outra forma, estaria buscando lucros mais altos em mercados emergentes.

O Brasil não escapa desse risco e também ficou entre os "5 frágeis". O déficit em conta corrente do país foi de 3,6% em 2013 para 4,2% em 2014, e tem sido financiado através dos dólares que entram como investimento estrangeiro direto.

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