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O CAMPEÃO DA PRODUTIVIDADE

Quem anda pelas ruas de Rio Verde, cidade de 150 mil habitantes no sudoeste de Goiás, está sujeito a topar a qualquer momento com figuras que parecem saídas de algum filme de época. Até dois anos atrás, Ilisar Ivanoff, 45 anos, era uma delas. Mantinha a barba comprida e usava as roupas largas e coloridas […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h40.

Quem anda pelas ruas de Rio Verde, cidade de 150 mil habitantes no sudoeste de Goiás, está sujeito a topar a qualquer momento com figuras que parecem saídas de algum filme de época. Até dois anos atrás, Ilisar Ivanoff, 45 anos, era uma delas. Mantinha a barba comprida e usava as roupas largas e coloridas típicas de seu povo. Ele é um dos membros da pequena comunidade de russos ortodoxos que se estabeleceu em Rio Verde no início da década de 70. O objetivo, igual ao de seus vizinhos americanos da seita menonita - igualmente adeptos de barbas longas para os homens e vestidos até as canelas para as mulheres -, era plantar grãos no cerrado. Na segunda década do século passado, a família de Ivanoff trocou a Rússia pela China para escapar da revolução bolchevique.

Com a chegada de Mao Tsé-tung ao poder, em 1949, os Ivanoff decidiram escolher o Brasil para fixar residência. Eles queriam um lugar remoto e com pouca probabilidade de o comunismo vingar. Ponta Grossa, no Paraná, foi a cidade escolhida. Ali, plantavam soja, trigo e cevada. Hoje, Ivanoff, seus quatro irmãos e uma sobrinha cultivam uma área de 8 mil hectares de soja em Montevidiu, município vizinho a Rio Verde. Colheram ali, neste ano, 460 mil sacas de soja. Sua produtividade é altíssima. Na média, é de 3 450 quilos por hectare, mas já atingiu um recorde de 4 440 quilos - marca com a qual nem os eficientes sojicultores de Mato Grosso sonham alcançar no curto prazo.

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O que garante um desempenho tão excepcional? "Dedicação e alta tecnologia", diz Ivanoff que costuma aplicar nas fazendas as últimas inovações desenvolvidas pela sojicultura no Brasil e no mundo. "Fomos os primeiros da região a colocar calcário no solo, semear o grão de soja e fazer plantio direto", afirma ele, enquanto percorre de caminhonete o chapadão de 900 metros de altitude onde estão suas terras. O plantio direto, introduzido na região de Rio Verde na década passada, é uma técnica em que a semeadura é feita sem a necessidade de arar o solo. Separado, pai de seis filhos, Ivanoff também investe no que há de mais novo em maquinário agrícola. Num galpão da fazenda próximo a sua casa, há uma série de tratores e colheitadeiras de última geração. Há poucos meses, investiu cerca de 360 mil reais num pulverizador que substitui o avião convencional. Ivanoff tem um gosto especial para máquinas modernas e caras. Ele pode ser visto pelas estradas da região dirigindo um Porsche. A agricultura fez dele um homem de posses? Ele diz que sim, mas aproveita para alfinetar o governo. Há quatro anos, afirma, possuía um patrimônio de 10 milhões de dólares. Hoje, com a desvalorização do real, só tem 6 milhões. "Patrimônio, no Brasil, não depende só dos bens que você possui", diz. "Depende principalmente da política monetária do momento." Depois de Goiás, quer ir agora para Rondônia. Ivanoff tem o espírito inquieto dos desbravadores. A idéia é se revezar entre os dois estados. "Quero começar tudo de novo", diz. "Gosto de transformar coisas difíceis em coisas fáceis."

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