Novo status do Brasil não afetaria acordos anteriores, diz OMC
Renúncia ao tratamento especial na organização foi condição imposta por Trump para país entrar na OCDE
Reuters
Publicado em 20 de março de 2019 às 18h53.
São Paulo - O acordo do Brasil com os Estados Unidos para renunciar ao tratamento especial pela Organização Mundial do Comércio (OMC) se aplicaria apenas a negociações futuras dentro do órgão de comércio multilateral, declarou nesta quarta-feira Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC.
O autodefinido status de país "em desenvolvimento" do Brasil o permitiu, por exemplo, subsidiar até 10 por cento de sua produção agrícola, enquanto o limite para nações "desenvolvidas" é de 5 por cento, disse Azevêdo.
Isso não se alteraria com o potencial novo status brasileiro, afirmou o diretor-geral em um seminário de comércio exterior, pois o plano de renunciar ao status especial na OMC não afetaria acordos prévios.
Após uma reunião na Casa Branca na terça-feira, os presidentes de Brasil, Jair Bolsonaro, e EUA, Donald Trump, declararam em comunicado conjunto que o Brasil concordou em iniciar um processo para renunciar ao tratamento especial e diferencial em negociações da OMC, em consonância com uma proposta norte-americana.
Em troca, os EUA apoiariam a candidatura do Brasil a membro da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), um fórum para nações ricas.
"A proposta se aplica apenas a negociações futuras e sobre se os países se beneficiariam ou pediriam tratamento diferenciado em tratativas na OMC", disse Azevêdo.
Azevêdo afirmou que os EUA propuseram novos critérios para a diferenciação entre países da categoria "em desenvolvimento", que inclui tanto grandes economias, como Brasil e China, quando nações menores, como Guatemala e Honduras.
De acordo com Azevêdo, esses critérios incluiriam se o país é um membro da OCDE ou do grupo de nações G20, e se sua participação no comércio global total excede 0,5 por cento.
(Reportagem de Ana Mano)