Economia

Novo golpe do Pix: criminosos usam redes sociais para esconder esquema de pirâmide financeira

Criminosos pagam pequenos valores para ganhar confiança das vítimas, por meio de diferentes canais e aplicativos de mensagens

Pirâmide: criminosos abordam as vítimas por canais como WhatsApp, Facebook e Telegram (Rafael Henrique/SOPA/Getty Images)

Pirâmide: criminosos abordam as vítimas por canais como WhatsApp, Facebook e Telegram (Rafael Henrique/SOPA/Getty Images)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 12 de setembro de 2023 às 13h19.

Última atualização em 12 de setembro de 2023 às 13h35.

Com uma abordagem "mais acessível", prometendo dinheiro fácil e rápido e até pagando pequenos valores para ganhar a confiança das vítimas, criminosos têm aplicado um novo golpe envolvendo o Pix por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens. A proposta tentadora, no entanto, esconde mais um esquema de pirâmide financeira.

Funciona assim: os criminosos abordam as vítimas por canais como WhatsApp, Facebook e Telegram, oferecendo a possibilidade de remuneração rápida e de baixo esforço. O alerta é da empresa de proteção financeira digital Silverguard, que tem recebido relatos no canal de denúncias SOS Golpe.

Receba as notícias mais relevantes do Brasil e do mundo em primeira mão. Inscreva-se no Telegram da Exame

O "trabalho", prometem os golpistas, é feito por meio de "missões" variadas, geralmente ligadas a marketing digital, como seguir alguém nas redes, curtir posts ou deixar avaliações positivas sobre estabelecimentos no Google.

Quando a vítima aceita participar, os golpistas pedem a chave Pix, para o suposto pagamento pelas tarefas executadas. Além disso, a pessoa é convidada a entrar num grupo do Telegram onde estão milhares de pessoas, passando credibilidade para o golpe por meio do senso de comunidade.

Pagamentos em valores baixos

Outra tática dos criminosos para gerar mais confiança nas vítimas é pagar pelas primeiras tarefas, em geral com valores baixos, entre R$ 4 e R$ 20. Para receber mais, a vítima precisa "evoluir nas missões", e fazer investimentos cada vez maiores. Segundo a Silverguard, a promessa de retorno é alta, variando de 30% a 100%.

"A vítima entra num círculoo vicioso em que precisa fazer o próximo investimento para conseguir recuperar o anterior. O golpista inclusive dá "dicas" de como conseguir o dinheiro para o investimento, como pedir emprestado para a família e os amigos, sempre passando a confiança de que é um retorno garantido, de uma empresa idônea, podendo até enviar prints de outros "clientes" como prova social", explica Márcia Netto, CEO da companhia.

Ela explica que a modalidade é uma variação do chamado "golpe do falso investimento", terceira tática mais comum em fraudes envolvendo o sistema de pagamento instantâneo, e que atinge principalmente jovens das classes D e E:

"Eles usam uma narrativa envolvente, de tarefas e missões, e sofisticada, já que muitas vezes o golpista se comunica com a vítima por mais de um canal, além de remunerar a pessoa com baixos valores iniciais.

Caí no golpe. E agora?

  • Entre em contato com a instituição financeira de onde o Pix saiu imediatamente depois de descobrir o golpe e peça o bloqueio do dinheiro na conta de destino. O Mecanismo Especial de Devolução (MED) possibilita que a entidade financeira de origem da transação solicite a imediata suspensão do montante na conta de recebimento, se houver suspeita de atividade fraudulenta. É fundamental relatar que o ocorrido foi um golpe, pois o MED não abrange situações em que Pix é enviado erroneamente para indivíduos ou empresas. A denúncia pode ser feita tanto pelo aplicativo ou site do banco quanto pelo telefone. Não esqueça de guardar a data, o horário e o número do protocolo;
  • Documente o golpe. Capture uma imagem da tela (print screen) exibindo as conversas do dispositivo (celular ou computador). Importante: evite bloquear ou denunciar o contato do golpista imediatamente pelo WhatsApp, pois isso poderá ocultar a conversa e impedir que você faça a captura de tela;
  • Descreva, em um relato cronológico e com o máximo de informações que puder, a sequência dos eventos que levaram ao golpe. É natural que, ao longo do tempo, os detalhes e a ordem dos acontecimentos possam ser esquecidos;
  • Registre um boletim de ocorrência na Polícia Civil. Na maioria dos estados é possível fazer um boletim de ocorrência on-line para o Golpe do Pix. Inclua no registro toda a documentação do passo anterior, bem como o protocolo do MED;
  • Se o banco demorar a realizar o MED, é possível, munido do boletim de ocorrência, reportar simultaneamente o golpe à instituição de destino, solicitando o bloqueio imediato da conta que recebeu o Pix. Se essa for uma instituição na qual você não tem conta, basta contatar a Ouvidoria deste banco;
  • Preencha o formulário do próprio WhatsApp, explicando o que aconteceu e denunciando o número de telefone do golpista. Depois de preencher, acesse a conversa com o número desconhecido, clique no número de telefone e, em seguida, selecione ”Denunciar contato” > ”Denunciar e bloquear”. Após essas etapas, você não receberá mais chamadas nem mensagens do número bloqueado, e os indivíduos associados a esse número não conseguirão visualizar detalhes de seu perfil, como informações de “visto por último” e “online”, atualizações de status e sua foto de perfil;

Conheça os golpes mais frequentes envolvendo o Pix

  • Golpe do falso parente, caracterizado pelo golpista se passando por um familiar ou amigo, pedindo dinheiro ou solicitando o pagamento de uma conta;
  • Golpe do produto ou da loja falsa, caracterizado pela compra de produto e/ou serviço em uma loja falsa. A compra nunca é entregue;
  • Golpe da falsa central/gerente do banco, caracterizado pelo golpista se passando por um profissional de uma central de atendimento/gerente do banco pedindo para reverter um falso Pix;
  • Golpe da rede social hackeada, caracterizado pela compra de produto de um conhecido que teve sua rede social hackeada/clonada;
  • Golpe do falso investimento, caracterizado por uma oportunidade falsa de multiplicar/investir dinheiro.
Acompanhe tudo sobre:PIXEsquemas de pirâmidePirâmides financeirasCrime

Mais de Economia

Lula e Haddad voltam a se reunir hoje para discutir corte de gastos

BNDES firma acordo de R$ 1,2 bilhão com a Agência Francesa para projetos no Brasil

Se Trump deportar 7,5 milhões de pessoas, inflação explode nos EUA, diz Campos Neto