Economia

Nova inflação deve mostrar tamanho do buraco argentino

A inflação acumulada até julho chegou a 54%; dado de hoje será o primeiro a refletir queda do peso após prévias eleitorais

Buenos Aires: manifestantes pedem alongamento de plano de segurança alimentar até 2022  (Agustin Marcarian/Reuters)

Buenos Aires: manifestantes pedem alongamento de plano de segurança alimentar até 2022 (Agustin Marcarian/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 12 de setembro de 2019 às 07h03.

Última atualização em 12 de setembro de 2019 às 07h31.

São Paulo — O índice de inflação da Argentina em julho, a ser divulgado nesta quinta-feira, deve mostrar o quão ruim está a situação financeira do país. É o primeiro índice mensal a divulgado após a queda de 25% no valor do peso em frente ao dólar como consequência da esmagadora vitória da oposição nas prévias das eleições de outubro.

O número a ser divulgado deve escancarar a incompetência do governo de Mauricio Macri de atacar um problema crônico para a economia argentina. Ele chegou à Casa Branca com a promessa de controlar a inflação e colocar as contas nacionais em ordem. Mas o país está em recessão, e a inflação acumulada até julho bate 54% ao anos.

As últimas pesquisas eleitorais seguem mostrando a chapa de oposição, formada por Alberto Fernández e pela ex-presidente Cristina Kirchner, confortavelmente à frente de Macri para o pleito de 27 de outubro. Até lá, o governo deve voltar a negociar com o Fundo Monetário Internacional a liberação de 5 bilhões de dólares de um pacote de 57 bilhões sobre o qual o país já decretou moratória.

Quem quer que vença as eleições encontrará uma economia de joelhos para 2020. Na próxima segunda-feira o ministro da Economia, o recém-empossado Hernán Lacunza, deve apresentar o orçamento para 2020, com uma otimista previsão de um crescimento de 1% no PIB — enquanto economistas independentes preveem uma queda de 1,1%.

Para 2019, a previsão é de queda de 2,6% na economia do país. O orçamento deve prever ainda, segundo o jornal Clarín, uma inflação de 34% e um dólar médio de 67 pesos — como a moeda americana varia fortemente para cima ou para baixo de uma semana para outra, a previsão é um chute no escuro.

Buenos Aires deve ter nesta quinta-feira mais um dia de tensão, com manifestantes acampados na principal avenida da cidade, a 9 de Julho. O governo acusa os movimentos sociais de extorsão e de atuar politicamente para aumentar o clima de instabilidade política no país. Uma das demandas dos manifestantes, apoiada por deputados da oposição, é alongar a emergência alimentar no país até 2022. O pacote de pedidos inclui uma cesta básica turbinada e redução de impostos sobre produtos básicos, para compensar o aumento da pobreza, que bateu 33% no fim de 2018.

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