Economia

Eventual saída de Barbosa não altera gestão, diz Tendências

Analista acredita que grande das ações do ministério é decidida pelo Planalto, fazendo com que possível mudança não tenha efeito na tomada de decisões


	Nelson Barbosa, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, teria pedido demissão
 (José Cruz/ABr)

Nelson Barbosa, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, teria pedido demissão (José Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 13 de maio de 2013 às 15h47.

São Paulo - Se for confirmada a saída do governo do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, como vem se cogitando no mercado desde sexta-feira, 10, em nada vai ser alterada a gestão da política macroeconômica. Essa é a avaliação do cientista político da Tendências Consultoria Integrada, Rafael Cortês. Para ele, grande parte do teor das ações de política econômica do governo sai do Palácio do Planalto e conta com a participação ativa e direta da presidente Dilma Rousseff tanto na formalização como no acompanhamento da implementação das medidas.

Avolumaram-se hoje os comentários de que a saída de Barbosa poderá ser acelerada porque o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o teria convocado para uma reunião à tarde para esclarecer informações do noticiário do final de semana dando conta de que o secretário teria manifestado ao governo sua intenção de deixar o cargo. O pedido de demissão do número 2 da Fazenda teria sido feito em fevereiro e deveria se concretizar só depois do encaminhamento no Congresso da reforma do ICMS. Mas as informações extraoficiais são de que Barbosa vinha se desgastando no governo por causa de divergências com Mantega por conta da condução da política fiscal.

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Para Cortês, as possíveis divergências entre o ministro e secretário-executivo são consequências da forma que a presidente Dilma escolheu para conduzir a política econômica. "Ela adotou uma procedimento de menos delegação de tarefas para seus assessores na comparação com seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva", observa o cientista político da Tendências. Ele reforça que a presidente participa ativamente da formulação da política macroeconômica, enquanto Lula preferia delegar mais e ficar com o papel de arbitrar conflitos. "Nesse sentido, Lula era mais político, enquanto Dilma é mais tecnocrata", avalia.

Cortês diz que o estilo Dilma de centralizar decisões e minar a pluralidade de pensamentos dentro do governo acaba suscitando desgastes até entre pessoas que estão do mesmo lado do entendimento da teoria econômica, como Mantega e Barbosa. Para o cientista, a estrutura de gestão de política econômica adotada por Dilma levou ao enfraquecimento da política monetária para combater a inflação e está aos poucos reduzindo os esforços para cumprimento da meta fiscal. "O governo foi muito ambicioso em termos de reformas. Mudou no macro e no micro e não se pode negar que tantas mudanças em tão pouco tempo geram dificuldades de implementação e de comunicação", afirma Cortês.

Não dá, segundo o analista, para classificar Barbosa como ortodoxo ou heterodoxo. O secretário seria heterodoxo se comparado com membros de outros governos, mas, em relação a colegas do atual governo, seria um técnico mais afinado com a utilização de instrumentos clássicos de política macroeconômica.

Na opinião de Cortês, o timing de uma eventual substituição de Barbosa não é o mais adequado porque a negociação sobre a reforma do ICMS no Congresso ainda não acabou.

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