Economia

Novo mínimo de R$ 622 vai injetar uma “Bolívia” na economia do Brasil

Classe C será a mais beneficiada; aumento de 14,13% na base salarial do trabalhador vai ajudar 66 milhões de pessoas

Brasileiro da classe C deve destinar grande parte do dinheiro ao consumo, prevê consultoria (CARLOS CUBI)

Brasileiro da classe C deve destinar grande parte do dinheiro ao consumo, prevê consultoria (CARLOS CUBI)

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Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2012 às 18h02.

São Paulo – A elevação de 77 reais no salário mínimo pago ao trabalhador brasileiro, que passou de 545 reais para 622 reais e que entrou em vigor no dia 1º de janeiro deste ano, vai beneficiar mais de 66 milhões de pessoas e injetar na economia até 63,98 bilhões de reais no decorrer de 2012. Para se ter uma ideia, a cifra é superior ao PIB da Bolívia (35,17 bilhões de reais) ou do Paraguai (32,81 bilhões de reais), em 2010.

A estimativa foi divulgada pela consultoria DataPopular. De acordo com a pesquisa, a maior parte (48,3 bilhões de reais) do montante de 63,98 bilhões de reais irá reforçar, principalmente, o orçamento domiciliar dos trabalhadores da classe C, cuja renda média é de 2.341 reais.

“Esse incremento de renda servirá também para que a economia ganhe um impulso nesse começo de ano”, disse Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular, em relatório divulgado à imprensa. Segundo ele, os recursos adicionais no salário mínimo serão despejados no consumo.

“Após efetuar o pagamento de dívidas com parte do 13º Salário no fim de 2011, agora acreditamos que a maior parte desse dinheiro será destinada às compras”, estimou. Meirelles ressalta que os produtos podem ser diversos, variando desde equipamentos eletrônicos e eletrodomésticos a smartphones, tênis e roupas.

Pobres ficarão mais ricos

O estudo da DataPopular mostra ainda que, com a injeção de mais recursos na economia, as classes A e B (alta renda, com orçamento domiciliar superior a 6.275 reais) vão absorver 3,199 bilhões de reais no decorrer de 2012, ao mesmo tempo em que as classes D e E (baixa renda, com ganho domiciliar maior que 273 reais) vão receber 12,476 bilhões de reais.


O montante que atenderá os trabalhadores mais pobres é maior que o pago pelo programa Bolsa Família em 2011, segundo levantamento da consultoria.

Com este crescimento, Meirelles prevê a ascensão da faixa de renda do trabalhador brasileiro. “A nossa perspectiva é que grande parte da classe D passe a integrar a chamada “Nova Classe Média“ (classe C) já em 2014”, passando de 53,9% da população brasileira para 58,3% nos próximos dois anos, estimou.

Sudeste é o mais beneficiado

Dos 63,98 bilhões de reais que serão acrescidos na economia brasileira por conta do aumento do salário mínimo em 2012, a região Sudeste vai abocanhar sozinha 36,4% do total, o que representa 23,289 bilhões de reais.

A região Nordeste aparece na segunda posição com 35,2% (22,521 bilhões de reais), superando o Sul (13,3% ou 8,509 bilhões de reais). Já o Centro-Oeste e Norte receberão, respectivamente, 7,2% e 7,9%.

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