Tombini terá de enviar carta à Fazenda se o Banco Central estourar a meta de inflação (Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2011 às 13h38.
São Paulo – O Banco Central (BC) está correndo um enorme risco de não cumprir a meta de inflação neste ano. O centro do alvo a ser atingido é de 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais para cima e para baixo.
Os analistas do mercado financeiro, que declararam guerra ao Banco Central após o corte inesperado dos juros, elevaram novamente as projeções para o IPCA neste ano. A mediana das expectativas colhidas pelo boletim Focus aponta que a inflação encerrará o ano em 6,45%. Se a mediana está muito próxima do teto da meta, significa que quase metade dos economistas consultados acredita no seu descumprimento.
Vale lembrar que o Sistema de Metas de Inflação, criado em 1999, pressupõe um alvo determinado pelo Conselho Monetário Nacional, que é formado pelo presidente do Banco Central e pelos ministros da Fazenda e do Planejamento. A partir daí, cabe aos integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central calibrar a taxa de juros com o objetivo de cumprir a meta estabelecida ou, pelo menos, impedir que a inflação ultrapasse o limite máximo.
Quando a inflação estoura a meta, o presidente do Banco Central precisa explicar, por meio de uma “Carta Aberta” ao ministro da Fazenda, os motivos do descumprimento, bem como as providências e o prazo para o retorno da taxa de inflação aos limites estabelecidos. Isso já aconteceu três vezes: em 2001, 2002 e 2003 (veja tabela na próxima página).
Seria incorreto afirmar que a decisão do BC de cortar os juros no final do mês passado será a culpada pelo eventual descumprimento da meta em 2011. É consenso entre os economistas que existe uma defasagem de seis a nove meses entre a mudança na taxa Selic e seus efeitos na economia.
Porém, ao tomar uma atitude que contrariou as expectativas do tal “deus mercado”, o Banco Central sabia que as expectativas inflacionárias subiriam – seja porque os preços realmente estão em alta ou simplesmente por pirraça dos agentes.
Polêmicas à parte, os dados concretos até o momento são de uma inflação acumulada em 12 meses de 7,23%, com viés de baixa. A questão é: a desaceleração dos preços prevista para os próximos meses será suficiente para trazer a taxa anual à casa de 6,50% até dezembro?
Se a resposta for sim, o BC terá cumprido a sua missão. Caso contrário, terá o ingrato dever de escrever a cartinha para o Ministério da Fazenda. A carta, é claro, é um mero simbolismo. O que está em jogo é a credibilidade o Banco Central, que saiu arranhada da última reunião do Copom. Afinal de contas, a meta de inflação está no fio da navalha.
Ano | Meta | Inflação Efetiva (IPCA) |
---|---|---|
1999 | 8% | 8,94% |
2000 | 6% | 5,97% |
2001 | 4% |
7,67% (estourou o teto) |
2002 | 3,5% |
12,53% (estourou o teto) |
*2003 | 8,5% |
9,30% (estourou o teto) |
*2004 | 5,5% | 7,60% |
2005 | 4,5% | 5,69% |
2006 | 4,5% | 3,14% |
2007 | 4,5% | 4,46% |
2008 | 4,5% | 5,90% |
2009 | 4,5% | 4,31% |
2010 | 4,5% | 5,91% |
2011 | 4,5% | projeção Focus: 6,45% |
2012 | 4,5% | projeção Focus: 5,40% |
* Metas ajustadas para cima