Economia

Investimento de fora em novos projetos manteve valor em 2015

Número de projetos despencou mas valor caiu só 0,2%, segundo fDi Intelligence; como a queda foi maior na América Latina, país até conseguiu ganhar participação

Silhueta de uma construção/ competitividade (Thinckstock)

Silhueta de uma construção/ competitividade (Thinckstock)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 26 de abril de 2016 às 13h05.

São Paulo - O Brasil conseguiu manter seu nível de investimento estrangeiro direto em novos projetos em 2015, de acordo com um relatório divulgado pela fDi Intelligence, publicação do Financial Times.

A queda no valor investido por aqui no ano passado foi de apenas 0,2% em relação a 2014, apesar do número de projetos ter despencado 17% para 268.

Apesar da forte alta em países como Chile e Jamaica, a queda do investimento na América Latina foi intensa.

Com isso, o Brasil conseguiu ganhar participação no total de dinheiro investido na região - de 17% para 25%.

Os três principais destinos para investimento na América Latina foram México (US$ 24,3 bilhões), Brasil (US$ 17,3 bilhões) e Chile (US$ 9,7 bilhões).

O relatório destaca um investimento da empresa americana TransGas Development Systems, desenvolvedora de sistemas de energia a carvão, em uma nova fábrica em Candiota, no Rio Grande do Sul.

A previsão é que US$ 2,8 bilhões sejam investidos e 300 empregos permanentes sejam gerados até que ela esteja totalmente operacional em 2019.

Metodologias

No plano global, o valor do investimento estrangeiro direto em novos projetos subiu 8,6%, bem menos do que os 36% anunciados pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) em janeiro.

Isso acontece porque a fDi mede apenas novos projetos anunciados, enquanto a UNCTAD também considera dinheiro injetado ou retirado via fusões e aquisições, cujo impacto é mais incerto.

Na conta da UNCTAD, por exemplo, o fluxo para o Brasil caiu 23% no ano passado e ficou em US$ 56 bilhões. Foi grande o impacto da compra da operadora GVT, que era da francesa Vivendi, pela Telefônica Brasil por mais de US$ 9 bilhões.

Regiões

A região do mundo que mais recebe investimento estrangeiro direto em novos projetos é a Ásia Pacífico, com US$ 320,5 bilhões, ou 45% do valor mundial.

No ano passado houve queda de 7% no número de projetos, mas alta de 29% no valor investido.

O maior destaque foi a Índia, que em 2015 desbancou a China do primeiro lugar em crescimento entre as grandes economias mundiais. O relatório mostra que ela também ganhou a liderança em nível de investimento.

Enquanto a China teve queda de 16% em número de projetos e de 23% em investimento de capital, a Índia teve anúncio de US$ 63 bilhões, "especialmente nos setores de carvão, petróleo, gás natural e energia renovável", diz o relatório.

Isso mostra que "apesar de organizações tentarem atrair investimentos estrangeiros diretos novos, por causa da contribuição que eles podem ter sobre o PIB e o emprego, este tipo de investimento é atraído fortemente para economias de alto crescimento. Sucesso gera sucesso", diz Henry Loewendahl, fundador e presidente da consultoria Wavteq Ltd e vice-presidente sênior da fDi Intelligence. 

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