Economia

FI-FGTS aprova investimento de R$ 630 milhões na CCR

Os recursos serão usados na recuperação da Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio


	Via Dutra: essa não é a primeira vez que a CCR é financiada pelo FI-FGTS
 (foto/Wikimedia Commons)

Via Dutra: essa não é a primeira vez que a CCR é financiada pelo FI-FGTS (foto/Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2014 às 08h24.

Brasília - O comitê que gerencia os investimentos do FGTS aprovou na quarta-feira, 24, em seu primeiro relatório final do ano, o financiamento de até R$ 630 milhões à concessionária de rodovias CCR, que tem como acionistas Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Soares Penido. Os recursos serão usados na recuperação da Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o relatório foi aprovado por 9 dos 11 membros na reunião do comitê do FI-FGTS, formado por indicados pelo governo (a metade), centrais sindicais e associações patronais.

Essa não é a primeira vez que a CCR é financiada pelo FI-FGTS. No fim de 2008, quando a crise internacional havia secado as fontes de crédito, a concessionária recebeu R$ 500 milhões para a recuperação das Rodovias Presidente Dutra e Bandeirantes e da Ponte Rio-Niterói. Procurada pela reportagem, a CCR preferiu não se pronunciar.

Representante da central sindical UGT, Paulo César Rossi votou contra a operação por considerar que serão gerados poucos empregos. Para cada vaga aberta serão desembolsados R$ 163 mil, segundo ele.

Luiz Fernando Emediato, representante da Força Sindical, se absteve para evitar conflitos de interesse. Em junho, o Estado revelou que o jornalista procurou pelo menos quatro empresas - entre elas, a Camargo Corrêa - para pedir patrocínio a um filme baseado em livro de sua autoria.

Esse foi o primeiro projeto a passar pelas duas rodadas de aprovações do comitê de investimento neste ano - a primeira delas, em julho -, além de receber o aval da administradora Caixa Econômica Federal e de empresas terceirizadas.

Com R$ 10 bilhões para investir em infraestrutura só neste ano, as aprovações de projetos do FI-FGTS estão em ritmo lento por pressões políticas no comitê. Cada operação do Fundo, que utiliza o superávit do FGTS, precisa ser autorizada por pelo menos 9 dos 12 membros. O FI é o segundo maior financiador de infraestrutura no País, atrás apenas do BNDES.

Outros dois projetos que dependiam de aprovação foram retirados de pauta ontem. A decisão sobre a compra de até 20% do controle acionário da empresa de resíduos sólidos Estre Ambiental por R$ 500 milhões não ocorreu porque Ralph Lima Terra, representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI), pediu vistas do processo.

A Estre, que tem como sócios Wilson Quintela Filho e fundos do banco BTG e da gestora Angra Infraestrutura, é uma das maiores companhias privadas de coleta e tratamento de lixo no País.

Em maio, enquanto a Caixa estudava adquirir o controle acionário da empresa, o jornal O Estado revelou que a Odebrecht Ambiental, concorrente da Estre, ameaçou "retaliar" o fundo se o aporte fosse aprovado.

Em carta ao comando do FI-FGTS e da Caixa, o presidente da Odebrecht Ambiental, Fernando Santos Rei, afirmou que o contrato lhe permitia rever cláusulas caso o FI-FGTS investisse numa empresa do mesmo setor, citando a Estre. O FI-FGTS tem 30% da Odebrecht Ambiental.

Comperj

O comitê também não avançou sobre a decisão de desembolsar R$ 2,5 bilhões em forma de emissão de dívida ao Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

Pelo projeto, os recursos devem ser usados em obras de saneamento e energia em um dos principais empreendimentos da história da Petrobras, erguido no município de Itaboraí, no Estado do Rio de Janeiro.

Fábio Cleto, vice-presidente da Caixa, pediu vista do processo, ao alegar que o valor do investimento é muito alto e que é preciso analisar melhor o projeto.

Ele contou com o apoio de Paulo César Rossi, da UGT. Procuradas, Estre e Petrobras não se pronunciaram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:CCREmpresasEmpresas abertasExploração de rodoviasFGTSSetor de transporte

Mais de Economia

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor

Opinião: nem as SAFs escapam da reforma tributária