Economia

Fazenda: É possível crescer 4% com inflação na meta

“Há fatores temporários que atrasam a convergência da inflação ao centro da meta, mas não impedem”, disse o secretário executivo do Ministério da Fazenda


	Fazenda defende crescimento de 4% com inflação na meta
 (Chris Hondros/Getty Images)

Fazenda defende crescimento de 4% com inflação na meta (Chris Hondros/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de setembro de 2012 às 11h57.

São Paulo - O Ministério da Fazenda espera uma redução na taxa de inflação para o centro de meta (4,5%) até o final de 2013, com manutenção de taxa real de juros mais baixa, segundo Nelson Barbosa, secretário executivo do Ministério da Fazenda.

“Há um debate em alguns ciclos agora se há contradição desse objetivo do governo de promover um crescimento entre 4% e 5% no ano que vem e a convergência da inflação. Não há contradição, é possível crescer entre 4% e 5% sem gerar pressões inflacionárias. O que estamos vivendo nesse momento é uma interrupção temporária na convergência da inflação do centro da meta”, disse Barbosa. 

A inflação estava convergindo para 4,7% esse ano, mas a quebra na safra de grãos nos EUA mudou a expectativa, segundo o secretário. “São fatores temporários que atrasam a convergência da inflação ao centro da meta, mas não impedem”, afirmou.

O boletim Focus, divulgado hoje pelo Banco Central, indica que o mercado elevou pela décima vez seguida a projeção para a inflação em 2012, mas reduziu a expectativa para 2013 após o anúncio do governo de medidas para diminuir as tarifas de energia.

Os analistas consultados na pesquisa Focus reduziram pela sétima vez a estimativa para a expansão do PIB em 2012, para 1,57% por cento. Para 2013, a expectativa foi mantida em 4%. O Ministério da Fazenda reduziu, na quinta-feira passada, sua previsão para o crescimento da economia este ano para 2%.

A economia brasileira está retomando a velocidade de crescimento anualizada entre 4% e 5% nesse segundo semestre, segundo Barbosa. A expectativa do Ministério da Fazenda é de crescimento entre 1% e 1,3% no terceiro e no quarto trimestre (em cada trimestre) o que, anualizado, seria entre 4% e 5%.

Barbosa defendeu que é possível crescer 4% no próximo ano sem gerar pressões inflacionárias por conta da capacidade ociosa e do impacto de medidas anunciadas recentemente pelo governo, como a desoneração da folha de pagamento de alguns setores e a redução do custo da energia. “Todos esses fatores contribuem para acelerar crescimento e reduzir inflação”, disse Barbosa. 


Há dois desafios macroeconomicos mais imeditados, segundo Barbosa: consolidar a taxa de juros em um nível mais baixo e ter atenção com o câmbio. “Nossa taxa de câmbio ainda é muito apreciada”, afirmou. Sobre os juros, Barbosa defendeu que a taxa de juros não tem mais piso, à medida que o govenro eliminou o piso da poupança para a taxa de juros. “Será o que as condições econômicas determinarem, e elas determinam que é baixa perante nosso passado, mas ainda é muito elevada”, afirmou. Como o Ministério acredita que as expecattivas de inflação vão cair, o pensamento é que não será necessário subir a taxa de juros no próximo ano.

Novas medidas 

A agenda de reformas é permanente, segundo Barbosa. O secretário afirmou que uma proposta para o ICMS deve ser apresentada até o final do ano. “É nosso momento de União Europeia”, disse Barbosa, sobre a dificuldade de os estados e o Governo Federal aprovarem uma reforma conjunta. O secretário tmabém citou a reforma do PIS Cofins e o desenvolvimento de “vários produtos”, como o financiamento à longo prazo, por exemplo, agora que a taxa de juros está em um patamar mais baixo.

Também está sendo estudado pelo governo um acordo coletivo de trabalho, uma adaptação da nossa legislação que permita que esses acordos sejam considerados válidos. O modelo alemão está sendo analisado. Haverá uma missão do governo para conhecer melhor o modelo no final desse mês. O arranjo social alemão reune flexibilidade administrada das relações trabalhistas com manutenção do emprego, segundo Barbosa.

Demanda ou produção

Para o Secretário, o Brasil tem um problema de demanda e de custo de produção e pode resolver os dois. “É preciso, sim, adotar medidas de estimulo de demanda. Mas só estimular demanda não resolve, sem reduzir custos ela será atendida por produtos importados, por isso que o governo atua também para reduzir custos. Há medidas pontuais e estruturais. O governo pode e deve fazer os dois, uma coisa não exclui a outra”, disse.

Vários países estão hoje com problemas porque os ganhos de produtividade não foram transmitidos para os salários, segundo Barbosa. O secretário citou a situação da classe média nos Estados Unidos e também a situação europeia, além da chinesa.

Barbosa defendeu que é possível, para o Brasil, continuar crescendo com no mercado interno, mas é preciso aumentar a competitividade da economia para gerar mais empregos e melhores salários no país. “Nosso principal desfaio é politico, o Brasil tem oportunidade de redução de custos, tem recursos naturais, temos que continuar”, afirmou.

Barbosa participou hoje do 9º Fórum de Economia da FGV, realizado em São Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Crescimento econômicoDesenvolvimento econômicoeconomia-brasileiraInflaçãoJuros

Mais de Economia

Taxação global de 2% sobre super-ricos arrecadaria de US$ 200 a US$ 250 bi por ano, diz Haddad

‘Problema dos gastos no Brasil não é ter os pobres no Orçamento’, diz Simone Tebet

Plano Real, 30 anos: Gustavo Loyola e as reformas necessárias para o Brasil crescer

Mais na Exame