Economia

Empresários e sindicalistas, unidos pela queda dos juros, vão abraçar o BC

Movimento previsto para terça-feira tem o objetivo de pressionar os diretores do Copom

Prédio do Banco Central, em São Paulo: abraço simbólico pedirá a redução dos juros (Divulgação/Banco Central)

Prédio do Banco Central, em São Paulo: abraço simbólico pedirá a redução dos juros (Divulgação/Banco Central)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2011 às 16h14.

São Paulo – Empresários e sindicalistas, que sempre ocupam lados opostos em períodos de campanha salarial, estarão unidos nesta terça-feira, véspera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre os juros básicos.

Mais de mil integrantes de entidades patronais e de trabalhadores vão dar um abraço simbólico no prédio do Banco Central (BC), na avenida Paulista, em São Paulo. O objetivo do ato é reivindicar a queda da taxa Selic.

Porém, os diretores do Copom, que têm o poder de definir o rumo dos juros, estarão bem distantes, na sede do BC, em Brasília, para a primeira parte da reunião.

“Com o cenário internacional precário e incerto, a redução dos preços das commodities e com uma projeção de crescimento do PIB em torno de 3,5%, não há porque temer a inflação. Além disso, com o aumento das metas fiscais, o governo sinaliza para um déficit nominal zero, alterando as expectativas futuras dos agentes econômicos, abrindo mais uma oportunidade de redução das taxas de juros”, diz o manifesto (leia a íntegra na próxima página) contra os juros altos, que será lançado nesta terça-feira.

Entre os líderes do movimento estão os presidentes da Fiesp, Paulo Skaf; da Abimaq, Luiz Aubert Neto; da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva; da CUT, Arthur Henrique; do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Miguel Torres e do ABC, Sergio Nobre.

É possível assinar o documento via internet, como já fizeram vários economistas, ex-ministros e personalidades como Amir Antonio Khair, Antonio Corrêa de Lacerda, Carlos de Lessa, Márcio Pochmann, Luiz Carlos Bresser-Pereira, Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, Yoshiaki Nakano, João Siscsu, Jorge Mattoso, Jose Viegas Filho, Nelson Machado, Odilon Guedes, Samuel Pinheiro Guimaraes e Frei Betto.


Manifesto - Brasil com juros baixos: mais empregos e maior produção

O Brasil é um caso único na história econômica de prática de taxa de juros reais de dois dígitos por 16 anos seguidos, de 1991 a 2006. Por conta disso, quando a economia mundial crescia 4,5% e os emergentes entre 7% e 8% ao ano, nosso crescimento ficava na média de 3%.

No final de 2008, com a crise econômica que se abateu sobre o mundo, os países centrais logo reduziram as taxas de juros para próximo de zero, o Brasil, que estava no início de um processo de aumento de juros após ter atingido o mínimo de 11,25%, agiu na contramão do mundo e manteve a taxa em 13,75% a.a. O BC só foi reduzir a taxa em janeiro, 4 meses depois da crise abater sobre o mundo trazendo uma contração na produção industrial brasileira de mais de 20%.

Um país como o Brasil, com urgente necessidade de crescer e se desenvolver, não pode se dar ao luxo de transferir enormes volumes de capital na forma de renda improdutiva. Capitais especulativos afluem ao nosso sistema financeiro buscando rentabilidade que nenhum outro país oferece. Cerca de 36% do Orçamento Geral da União são destinados ao pagamento de encargos da dívida, recursos estes que poderiam atender as enormes carências de infraestrutura, saúde, transporte, telecomunicações, educação, saneamento etc. Os altos juros não consomem apenas recursos públicos, pelo contrário, espalham para toda a economia o alto custo do crédito fomentando o comportamento rentista e improdutivo, corroendo o poder de compra das famílias e drenando recursos do setor produtivo.

A crise de 2008/9 não passou. Europa, Estados Unidos e Japão são testemunhas de que ainda não se encontrou, sequer, um caminho de consenso que faça a atividade econômica retornar ao curso normal. Mesmo a China, responsável pelo crescimento da economia mundial nos últimos anos, está reduzindo seu ritmo de atividade.

Medeiros, Skaf, Paulinho e Nobre: unidos pelos juros baixos (Divulgação/Fiesp)

Com o cenário internacional precário e incerto, a redução dos preços das commodities e com uma projeção de crescimento do PIB em torno de 3,5%, não há porque temer a inflação. Além disso, com o aumento das metas fiscais, o governo sinaliza para um déficit nominal zero, alterando as expectativas futuras dos agentes econômicos, abrindo mais uma oportunidade de redução das taxas de juros.

Dado o quadro de incertezas que nos cerca, passou da hora de caminharmos para taxas de juros mais próximas ao padrão internacional. Menor taxa de juros implica em menor entrada de capitais especulativos, câmbio mais realista e competitivo, redução do custo de oportunidade do capital, maior equilíbrio das contas públicas e maior renda para as famílias.

O Copom, em sua última reunião em 31 de agosto, iniciou processo de redução da taxa de juros Selic. Acreditamos que reduções adicionais dos juros darão ao país a oportunidade de iniciar um movimento de combate a crise, apoiado na maior competitividade de nossas exportações e no dinamismo de nosso mercado interno. Assim, a redução da taxa de básica de juros aliada a uma política industrial ativa e realista são fundamentais para preservarmos postos de trabalho e continuarmos a crescer com mais emprego e renda.

E é na defesa da redução dos juros, que lançamos este Movimento por um Brasil com juros baixos, que articulando trabalhadores, empresários e intelectuais tem o firme propósito de contribuir com o governo e com outros setores da sociedade na defesa de um Brasil com maior crescimento e oportunidades para a sua população.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCopomEmpresáriosEstatísticasIndicadores econômicosJurosMercado financeiroPolítica monetáriaSelicSindicatos

Mais de Economia

Com mais renda, brasileiro planeja gastar 34% a mais nas férias nesse verão

Participação do e-commerce tende a se expandir no longo prazo

Dívida pública federal cresce 1,85% em novembro e chega a R$ 7,2 trilhões

China lidera mercado logístico global pelo nono ano consecutivo