Economia

Copom surpreende e reduz taxa Selic para 12% ao ano

Primeira redução de juros do governo Dilma foi motivada pelas incertezas na economia mundial, segundo o Banco Central

Equipe do Copom surpreendeu mercado e reduziu taxa básica  de juros (Agência Brasil)

Equipe do Copom surpreendeu mercado e reduziu taxa básica de juros (Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de agosto de 2011 às 20h56.

São Paulo – O Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu boa parte dos analistas e decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 12% ao ano. A decisão não foi unânime, sendo que dois votos foram para a manutenção dos juros em 12,50%. A autoridade monetária interrompe o ciclo de altas sucessivas que já acontecia há cinco reuniões. O primeiro aumento desta sequência ocorreu na primeira reunião do ano, em 19 de janeiro, quando a taxa passou de 10,75% a 11,25%.

Ao reduzir a taxa, o BC sinaliza preocupações com o cenário econômico internacional ainda cheio de incertezas. Economistas que apostavam na queda da Selic afirmam que o desaquecimento da economia global já ameaça o mercado brasileiro. Assim, uma redução na pressão monetária ajuda a evitar que o crescimento do país seja sufocado.

Na última reunião do Copom, em julho, o Banco Central (BC) não fez menção a manter o ciclo de aperto monetário por período “suficientemente prolongado”, como vinha enfatizando nas últimas reuniões. A ausência do comentário foi vista como um sinal de que a sequência de aumentos poderia terminar.

Na próxima segunda-feira (25) o BC divulga novo Boletim Focus, trazendo a reação do mercado ao ajuste na Selic. Três dias depois, na quinta-feira (28), o BC divulga a ata da reunião do Copom. O documento mostra como a autoridade monetária enxerga o cenário econômico no Brasil e no mundo, e apresenta as justificativas para o aumento dos juros.

Ao fim da reunião, o Banco Central emitiu a seguinte nota: "O Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 12,00% a.a., sem viés, por cinco votos a favor e dois votos pela manutenção da taxa Selic em 12,50% a.a. Reavaliando o cenário internacional, o Copom considera que houve substancial deterioração, consubstanciada, por exemplo, em reduções generalizadas e de grande magnitude nas projeções de crescimento para os principais blocos econômicos.

O Comitê entende que aumentaram as chances de que restrições às quais hoje estão expostas diversas economias maduras se prolonguem por um período de tempo maior do que o antecipado. Nota ainda que, nessas economias, parece limitado o espaço para utilização de política monetária e prevalece um cenário de restrição fiscal. Dessa forma, o Comitê avalia que o cenário internacional manifesta viés desinflacionário no horizonte relevante".

Para o Copom, a transmissão dos desenvolvimentos externos para a economia brasileira pode se materializar por intermédio de diversos canais, entre outros, redução da corrente de comércio, moderação do fluxo de investimentos, condições de crédito mais restritivas e piora no sentimento de consumidores e empresários. O Comitê entende que a complexidade que cerca o ambiente internacional contribuirá para intensificar e acelerar o processo em curso de moderação da atividade doméstica, que já se manifesta, por exemplo, no recuo das projeções para o crescimento da economia brasileira. Dessa forma, no horizonte relevante, o balanço de riscos para a inflação se torna mais favorável. A propósito, também aponta nessa direção a revisão do cenário para a política fiscal.

Nesse contexto, o Copom entende que, ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012.

O Comitê irá monitorar atentamente a evolução do ambiente macroeconômico e os desdobramentos do cenário internacional para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária".

Acompanhe tudo sobre:CopomEstatísticasIndicadores econômicosJurosSelic

Mais de Economia

Boletim Focus: mercado eleva estimativa de inflação para 2024 e 2025

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega