Economia

Confirmação de Mantega sinaliza continuidade, apontam analistas

Mercado vê notícia como neutra; atenções agora voltam para o BC e o papel a ser assumido por Palocci

O ministro da Fazenda, Guido Mantega (Lailson Santos/EXAME)

O ministro da Fazenda, Guido Mantega (Lailson Santos/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2010 às 18h51.

São Paulo - A confirmação de Guido Mantega no ministério da Fazenda feita hoje reforça a tese de continuidade dos principais atores da política econômica do governo Lula na nova administração da presidente Dilma Rousseff, afirmam analistas. Mantega conversou hoje com Dilma durante quase duas horas, na Granja do Torto, e teria aceitado o convite de permanecer no cargo, afirma a Agência Estado citando fontes do governo.

"Prevalece a tese lulista de que é necessário minimizar as incertezas em relação à continuidade da política econômica da Dilma, especialmente em um cenário de turbulência internacional", explica o analista político da consultoria Tendências Rafael Cortez. Mantega é o primeiro ministro confirmado no governo Dilma. Para o mercado, a notícia não deve trazer grandes efeitos pois a manutenção já era bastante esperada.
 
“O anúncio confirma as expectativas do mercado. Além disso, é bom mantê-lo em um momento de grande volatilidade dos mercados. A confirmação também ajuda a dar uma ideia de que a política macroeconômica será mantida”, analisa Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora. As dúvidas recaem agora sobre o nome a ser revelado no Banco Central e também ao papel de Antônio Palocci no governo.
 
“Agora, o nome para o Banco Central tem que ganhar o mercado, para manter ambigüidade que Lula conseguiu”, diz Cortez em referência ao perfil desenvolvimentista de Mantega e mais conservador de Henrique Meirelles. O embate, às vezes público entre os dois, rendeu várias polêmicas nos últimos anos e incluíram até pedidos de Mantega para que o presidente do BC reduzisse os juros básicos da economia.
 
A manutenção de Meirelles ainda é uma dúvida. Especula-se que o atual presidente da autoridade monetária não estaria disposto a assumir um mandato de transição para depois entregar o cargo a um sucessor. “Acho pouco provável que Meirelles aceite ser interino durante a volatilidade. Não sei se ele toparia fazer isto. Seria também uma garantia de autonomia do BC”, afirma o analista da Tendências. Caso deixe o posto, o nome mais ventilado é o de Alexandre Antônio Tombini, diretor de Normas e Organização do Sistema Financeiro do BC.
 
O rumo de Antônio Palocci, ex-ministro da Fazenda de Lula, segue como um dos mais incertos da equipe de Dilma. O nome de Palocci já foi ligado aos ministérios da Saúde e da Comunicações e nas presidência da Vale ou Petrobras, mas é na Casa Civil onde ele poderia ter um papel de mais relevância no governo Dilma e, por conseguinte, um maior impacto nos mercados financeiros, destaca Velho. “O melhor cenário seria o Palocci na Casa Civil. Isso traria um choque de expectativas no mercado e acho que até impactaria a bolsa. Na Casa Civil ele teria uma imagem mais de peso”, explica o economista.
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