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Da Redação
Publicado em 6 de março de 2015 às 00h04.
No ritmo atual, sem ações dirigidas, a igualdade salarial entre os sexos não existirá antes de 2085, denunciou a Organização Mundial do Trabalho (OIT), que garante que as mulheres ganham em média 77% do que recebem os homens.
Além da diferença salarial por conta do gênero, ter filhos também influência negativamente no valor recebido, de acordo com o relatório "A diferença de remuneração relacionada com a maternidade" desta organização, apresentado em Genebra, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, celebrado no próximo domingo.
O estudo assinala que a lacuna salarial em função da maternidade aumenta conforme a quantidade de filhos. Em muitos países europeus ter somente um filho tem apenas um pequeno efeito negativo, mas as mulheres com dois e, sobretudo, com três sofrem "uma sanção salarial".
De acordo com a OIT, no Reino Unido as funcionárias mães chegam a ganhar até 25% menos do que as que não são.
Já na Alemanha está diferença é de 15%, em Portugal é de 10% e na Espanha de 5%. Contudo, países como França, Itália e Dinamarca bonificam as mães que trabalham, e, com isso, as que têm filhos recebem até 5% a mais do que as que não têm.
"Importa o número de filhos, se ela tem cônjuge presente e se ele está empregado, além do tempo que demora a voltar ao mercado de trabalho depois da maternidade", pontua Rosalía Vázquez-Álvarez, especialista em salários do escritório da OIT em Genebra.
Embora à proteção à maternidade tenha aumentado, muitas mulheres ainda estão excluídas. Em nível mundial, a porcentagem de países que oferecem 14 semanas ou mais de licença passou de 38% a 51%, mas 41% de todas as mulheres não têm uma cobertura adequada.
Na Europa, elas ganham em média 19% menos do que os homens, porcentagem que nos Estados Unidos aumenta para 36%.
Atualmente, 171 Estados-membros da OIT ratificaram a Convenção sobre Igualdade de Remuneração e 172 a de Discriminação em Matéria de Emprego e Ocupação. Mesmo assim, segundo esta organização, as mulheres continuam sendo discriminadas e sofrendo com desigualdades no local de trabalho.
A disparidade das taxas de participação no mercado de trabalho entre homens e mulheres diminuiu ligeiramente desde 1995, quando aconteceu a IV Conferência Mundial sobre a Mulher, em Pequim, a maior reunião de mulheres em nível mundial.
A partir dela foi adotado um programa ambicioso para promover a igualdade de gênero e o empoderamento feminino. Atualmente, 50% das mulheres trabalham contra 77% dos homens. Há duas décadas, os totais eram de 52% e 80%, respectivamente.
O diretor do escritório da OIT para a Espanha, Joaquín Nieto, explicou que uma parte dessa disparidade pode ser explicada em função de fatores como educação, experiência, categoria profissional, atividade econômica, âmbito rural ou urbano e horas trabalhadas.
Contudo, "uma parte muito grande" dessa diferença salarial ainda permanece sem explicável. Segundo ele, é a essa parte que pode ser atribuída à discriminação.