Economia

Por que os suecos estão pagando imposto a mais de propósito

Cerca de metade do superávit anual foi porque uma parte dos cidadãos e dos negócios pagaram mais impostos do que deveriam

5. Suécia (Getty Images)

5. Suécia (Getty Images)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 23 de fevereiro de 2017 às 16h22.

Última atualização em 23 de fevereiro de 2017 às 16h32.

São Paulo - O governo da Suécia está com um problema: as pessoas estão pagando impostos demais.

O último relatório de dívida, divulgado nesta quarta-feira, mostrou que o governo fechou 2016 com um superávit de 85 bilhões de kroner (ou US$ 9,5 bilhões) em 2016.

Mas cerca de metade disso foi porque uma parte dos cidadãos e dos negócios pagaram mais impostos do que deveriam.

O motivo: as taxas de juros no país são negativas, mas o governo continua pagando uma correção anual mínima de 0,56% na hora de devolver o que as pessoas pagaram em excesso.

A grosso modo, os cidadãos estão utilizando o governo como um banco, já que depositar dinheiro nos bancos de verdade não vale mais a pena porque ele só desvaloriza.

A ideia era mesmo essa. Taxas de juros negativas são algo que a teoria econômica nem considerava possível até pouco tempo atrás, até que os bancos centrais de vários países desenvolvidos resolveram experimentar em um cenário onde inflação e crescimento não reagiam.

No caso da Suécia, também era importante não deixar a moeda valorizar demais em relação ao euro.

É por isso que as taxas de juros suecas devem continuar bem baixas, ainda que a previsão para a economia em 2017 seja de crescimento de 2,3% com inflação de 1,3%.

Por enquanto, o governo ficou com mais dinheiro na mão, mas eventualmente terá que pagar de volta e com juros, e sem saber quando. Isso causará algum impacto em 2017 e 2018.

O governo já acabou com a correção anual obrigatória a partir de agora, mas o problema é que mesmo uma taxa zero possa ser atrativa. Não é diferente de deixar o dinheiro debaixo do colchão, mas é mais seguro.

No Brasil, a situação não poderia ser mais diferente. A Selic já sofreu quarto cortes e está em 12,25%, mas o país ainda tem os maiores juros reais do mundo.

Enquanto isso, a arrecadação custa a se recuperar da crise e novas medidas são esperadas para garantir o déficit de R$ 139 bilhões definido pelo governo.

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