Economia

Mundo se arma para guerra comercial em resposta a Trump

O presidente americano quer impor uma taxa de 25% sobre as importações de aço e de 10% contra o alumínio estrangeiro para proteger a indústria local

Donald Trump: presidente americano quer impor uma taxa de 25% sobre as importações de aço (Joshua Roberts/Reuters)

Donald Trump: presidente americano quer impor uma taxa de 25% sobre as importações de aço (Joshua Roberts/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de março de 2018 às 09h23.

Última atualização em 29 de março de 2018 às 15h51.

Genebra — O presidente americano Donald Trump acendeu o estopim de uma guerra comercial global ao anunciar, na quinta-feira, a adoção de barreiras tarifárias à exportação de aço e alumínio. Na sexta-feira, houve uma reação global generalizada contra a medida, com vários países ameaçando retaliar os Estados Unidos impondo também barreiras contra produtos americanos. "Não vamos ficar sentados e ver nossa indústria ser afetada por essa medida", afirmou o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

Segundo apurou a reportagem, governos de países potencialmente afetados pela medida já consideram formar uma aliança internacional em um megaprocesso na Organização Mundial do Comércio (OMC), na tentativa de fazer pressão para que a medida de Trump não abra um precedente para outros setores.

O presidente americano quer impor uma taxa de 25% sobre as importações de aço e de 10% contra o alumínio estrangeiro, numa medida para proteger a indústria local. E na sexta-feira, no Twitter, fez uma espécie de defesa das guerras comerciais: "Quando um país está perdendo vários bilhões de dólares em comércio com praticamente todos os países com que faz negócios, guerras comerciais são boas e fáceis de ganhar".

As reações foram imediatas. A União Europeia indicou que vai responder de forma "firme", com tarifas de importação também de 25% sobre cerca de 3,5 bilhões de euros em fluxo de comércio americano. Isso incluiria as exportações agrícolas, mas também afetaria marcas de dimensões globais dos EUA, como motos Harley-Davidson ou roupas Levi's, citadas por Juncker.

Cecilia Malmstrom, comissária de Comércio da Europa, confirmou que Bruxelas está "discutindo diferentes medidas" contra produtos americanos. "Estamos olhando para tudo, desde levar o caso à OMC, sozinhos, com parceiros, mas também medidas de salvaguarda ou possíveis retaliações", disse.

Uma primeira etapa do processo na OMC deve ser lançada em breve. Nos bastidores, a reportagem apurou que diplomatas consideram uma ação conjunta para mostrar a unidade da comunidade internacional contra Trump.

Em 2002, algo parecido foi realizado por Europa, Brasil, Japão e vários outros governos contra medidas similares adotadas por George W. Bush.

Num raro comunicado de apoio à Europa, o governo russo indicou que compartilha das preocupações dos governos europeus. "Vamos analisar nossa relação comercial com Washington"", disse Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin.

Mesmo o principal parceiro comercial dos EUA, o Canadá, deixou clara sua irritação com a medida de Trump. "Essa tarifa será inaceitável", disse o ministro de Comércio do Canadá, François-Philippe Champagne.

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