Em junho, o Brasil receberá da Argentina a Presidência rotativa do bloco que os países integram junto com o Uruguai e o Paraguai (Juan Mabromata/AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2012 às 10h25.
Brasília - O presidente do Uruguai, José Mujica, visitará na quinta-feira a presidente Dilma Rousseff, com quem discutirá os impedimentos comerciais surgidos no Mercosul durante a crise e possíveis formas de reduzir o impacto na economia de seu país.
Mujica chegará nesta quinta-feira em Brasília, onde permanecerá por apenas sete horas, segundo a agenda oficial divulgada pelo Ministério de Relações Exteriores uruguaio.
Durante essa breve estadia, terá uma reunião de trabalho com Dilma, com quem também almoçará no Palácio do Itamaraty e dará uma declaração à imprensa.
Segundo fontes oficiais uruguaias, Mujica viajará acompanhado por seus ministros das Relações Exteriores, Luis Almagro, de Economia e Finanças, Fernando Lorenzo, e Energia e Mineração, Roberto Kreimerman.
Além disso, também estarão com Mujica o diretor do Escritório de Planejamento e Orçamento (OPP), Gabriel Frugoni, e o vice-ministro de Economia e Finanças, Luis Porto.
Fontes diplomáticas anteciparam à Agência Efe que um dos assuntos de maior interesse para Mujica na reunião que terá com Dilma é o 'crescente protecionismo' no Mercosul, bloco que Brasil e Uruguai integram com Argentina e Paraguai.
Nos últimos meses, como resposta aos impactos da crise mundial, o Brasil e a Argentina, as duas maiores economias do Mercosul, adotaram diversas medidas tarifárias e não tarifárias dirigidas a proteger suas indústrias que afetaram diretamente os parceiros menores.
Além disso, eles anunciaram programas de incentivos a suas indústrias que acabam tendo impacto regional, como a reforma apresentada na quarta-feira pelo Governo brasileiro, que reduziu impostos para setores produtivos que perderam competitividade pela crise global.
O Uruguai já teve este ano algumas dificuldades com o Brasil, principalmente por medidas restritivas que o Governo de Dilma ditou sobre as importações de veículos, mas que foram solucionadas com rapidez e o comércio bilateral mantém um fluxo grande.
O Brasil se mantém como o principal destino das exportações uruguaias, que no primeiro trimestre deste ano totalizaram US$ 412 milhões.
Na relação bilateral com o Brasil os problemas foram superados, mas no caso do Uruguai com a Argentina, país que também impôs diversas barreiras ao comércio, eles ainda persistem e impactam o Mercosul.
Como consequência desse impacto, as exportações uruguaias para a Argentina caíram durante os últimos meses e somente em março retrocederam 3,77%.
Em junho, o Brasil receberá da Argentina a Presidência rotativa do bloco que os países integram junto com o Uruguai e o Paraguai, por isso que as restrições impostas por Buenos Aires serão discutidas por Dilma e Mujica, disse à Agência Efe um diplomata brasileiro.
Nas relações bilaterais, os líderes deverão analisar diversos projetos conjuntos no setor energético, tecnológico, naval e de infraestrutura, principalmente nas áreas de fronteira.
Além disso, será discutido o estado de iniciativas conjuntas que avançam tanto no ramo bilateral como no Mercosul e apontam à integração das cadeias produtivas em diversos setores da indústria.