Economia

Mísseis norte-coreanos viram "arma" de Guam para atrair turistas

Turismo é uma indústria-chave para os 163 mil habitantes da ilha, que esperam que ele cresça ainda mais assim que diminuir o alerta vindo da Coreia do Norte

Cerca de 1 milhão de pessoas visitaram neste ano o território que pertence aos EUA desde o final do século XIX (Erik De Castro/Reuters)

Cerca de 1 milhão de pessoas visitaram neste ano o território que pertence aos EUA desde o final do século XIX (Erik De Castro/Reuters)

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EFE

Publicado em 15 de agosto de 2017 às 09h13.

Bangcoc - Banhada pelas cristalinas águas do Pacífico Ocidental, Guam passava muitas vezes despercebida entre várias ilhas turísticas da Micronésia, mas a ameaça da Coreia do Norte de atacá-la pode ajudar a mudar este cenário e, curiosamente, atrair visitantes.

"Todo o mundo está falando de Guam (...) o turismo vai se multiplicar por dez sem gastar dinheiro", declarou recentemente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao classificar a ilha como "maravilhosa" e abrir as portas para uma futura visita.

Cerca de 1 milhão de pessoas visitaram neste ano o território que pertence aos EUA desde o final do século XIX, procedentes em sua maioria dos vizinhos Japão, Coreia do Sul, Taiwan e China, segundo dados oficiais.

O turismo é uma indústria-chave para os 163 mil habitantes da ilha, que esperam que ele cresça ainda mais assim que diminuir o nível de alerta após o anúncio dos planos da Coreia do Norte de realizar um ataque em suas águas.

"Guam é o paraíso, temos 95% de ocupação, mas, depois que tudo isto terminar, vamos alcançar 110%", previu o governador da ilha, Eddie Calvo.

As autoridades e agentes turísticos afirmaram que a ameaça norte-coreana não afetou até agora as chegadas à ilha, apesar de existir uma certa preocupação.

"Não registramos baixas nas últimas semanas, pelo contrário, muita gente nos procura para consultar os pacotes de viagem disponíveis e atividades na ilha", disse à Agência Efe um representante da agência Tortuga.

Entre os atrativos dos chamados "Estados Unidos da Ásia" destacam-se as praias de areia branca, os recifes de coral e os passeios pela floresta, unidos a um agradável clima tropical.

Outros viajantes também veem como um atrativo a isenção de impostos em muitas lojas, o que permite que os turistas retornem com as malas carregadas.

"Uma desafortunada circunstância pode se transformar em uma grande oportunidade para informar ao mundo sobre Guam e sua cultura", comentou Josh Tyquiengco, diretor do Escritório de Visitantes de Guam, órgão oficial que estimou em US$ 1,6 bilhão o total de investimentos em 2015 gerados por esta atividade.

O regime de Kim Jong-un anunciou na última semana que prepara um plano para disparar em meados de agosto quatro mísseis em águas territoriais de Guam.

Especialistas em defesa estimam que um míssil de alcance médio Hwasong-12 lançado pelo regime norte-coreano demoraria de 14 a 15 minutos para recorrer os 3.430 quilômetros até atingir a ilha.

O Escritório de Defesa Civil distribuiu em hoteis e locais turísticos folhetos informativos com recomendações para os visitantes e funcionários se prepararem diante da "iminente ameaça com mísseis".

Em 2013, a Coreia do Norte já havia colocado Guam entre seus alvos, devido ao fato de a ilha ser um lugar estratégico das tropas americanas para o controle do Pacífico.

Em Guam, bases militares dos EUA ocupam um quarto dos 540 quilômetros quadrados da ilha, onde há 6.000 soldados, e de lá operam bombardeiros B-1B com capacidade nuclear.

No entanto, o governador Eddie Calvo insiste que Guam "está a salvo", ao mostrar suas dúvidas sobre a capacidade da tecnologia norte-coreana e confiar no sistema de defesa antimísseis dos EUA.

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