Meta de inflação não é para se discutir, é para se perseguir, afirma Galípolo, diretor do BC
Fala foi dita em em evento organizado pela Upload Ventures, em São Paulo
Agência de notícias
Publicado em 24 de abril de 2024 às 12h01.
"A meta não é para se discutir, é para se perseguir", afirmou, em um evento organizado pela Upload Ventures, em São Paulo. "Na minha opinião, o Banco Central nem deveria votar na meta de inflação no CMN [Conselho Monetário Nacional]."
Galípolo defendeu que o BC deveria perseguir as metas estabelecidas pelo Poder democraticamente eleito. As declarações vieram em resposta a uma pergunta sobre a viabilidade de se atingir a meta de inflação de 3%, considerando a situação fiscal do País. Segundo Galípolo, essa dúvida aparece no mercado desde o ano passado.
Ele relatou que, quando chegou ao Banco Central, havia ceticismo no mercado sobre a possibilidade de cumprir o alvo. No segundo semestre de 2023, afirmou, a preocupação diminuiu e, agora, voltou a aparecer. "Tem havido idas e vindas, e para a gente é perseguir a meta que foi determinada", disse o diretor do BC.
Período de redução de balanços dos BCs
Gabriel Galípolo voltou a afirmar que "estamos num período de redução dos balanços dos bancos centrais e de juros mais altos". A discussão, de acordo com ele, é sobre quão longo é o 'higher for longer' - ou seja, o período em que os juros precisarão ficar elevados por mais tempo -, especialmente nos Estados Unidos.
A questão, segundo Galípolo, é que a permanência do juro norte-americano em níveis altos aumenta a dificuldade na disputa por capital, já que há algum enxugamento da liquidez. Como o aumento da necessidade de rolagem da dívida norte-americana afeta a relação de oferta e demanda, o "yield" torna-se mais alto.
"Há uma adversidade adicional quando se fala de juro americano mais alto porque com o Tesouro americano pagando o juro o que paga, fica difícil competir por recursos", destacou o diretor do BC.
Ainda, de acordo com Galípolo, o estresse nos juros de Treasuries hoje parece relacionado a leilão do Tesouro dos EUA. Para ele, a pressão de rolagem de dívida nos EUA vem crescendo.