Economia

Mesmo com impacto no IPCA, aumento da gasolina e diesel foi acertado, afirma Campos Neto

O presidente do Banco Central disse que decisão foi acertada, porque impede distanciamento dos preços dos combustíveis em relação ao mercado internacional

Campos Neto: o presidente do BC afirmou ainda que há uma queda da inflação em grande parte do mundo (Edilson Rodrigues/Agência Senado/Flickr)

Campos Neto: o presidente do BC afirmou ainda que há uma queda da inflação em grande parte do mundo (Edilson Rodrigues/Agência Senado/Flickr)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 16 de agosto de 2023 às 11h43.

Última atualização em 16 de agosto de 2023 às 11h44.

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira, 16, que o reajuste nos preços dos combustíveis realizado pela Petrobrás hoje é uma decisão acertada, apesar do impacto no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2023. "Ontem tivemos reajuste de combustíveis, vai ter impacto na inflação em 2023. Achei acertado, não é bom ter um distanciamento muito grande do preço. Mesmo tendo impacto negativo para a gente, é uma decisão acertada", disse durante fala no 35º Congresso da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Ontem, Campos Neto estimou que o aumento terá impacto no IPCA de 0,40 ponto percentual entre agosto e setembro.

O presidente do BC afirmou ainda que há uma queda da inflação em grande parte do mundo. Ele explicou que mesma velocidade de redução, porém, não é vista nos núcleos de inflação. "Alguns lugares estão com os núcleos caindo; na América Latina é muito mais recente a queda, mas quando olhamos países avançados a queda dos núcleos tem sido muito baixa", comentou. Ele citou o exemplo da Inglaterra.

Campos Neto afirmou em seguida que, entre os países emergentes, Brasil e Chile têm a maior queda de inflação. Ele defendeu que o Brasil é um dos poucos com expectativas de inflação dentro das bandas da meta em 2023, 2024 e 2025. No início de sua fala, Campos Neto também reafirmou que o Brasil foi um dos primeiros países do mundo a começar subir os juros diante do choque de inflação pós-pandemia.

A petroleira aumentou o preço da gasolina e do diesel nas suas refinarias nesta quarta-feira. O litro da gasolina passa de R$ 2,52 para R$ 2,93, um aumento de R$ 0,41 por litro. O diesel terá aumento de R$ 0,78 por litro e o preço médio de venda será de R$ 3,80 por litro. O aumento reduz a defasagem em relação ao mercado internacional e também o risco de faltar combustível no Brasil.

Luta contra a inflação não está ganha e é preciso perseverar, afirma presidente do BC

Ao comentar o combate à inflação, Campos Neto afirmou que a luta não está ganha e que é preciso perseverar para atingir a meta de 3,0%. O presidente do BC disse que a inflação acumulada em 12 meses, que estava em queda, deve começar a subir por efeito estatístico no segundo semestre.

Ele emendou que a média dos núcleos também tem recuado, ainda que siga acima do desejável, mas ressaltou que vê consistência nessa queda. "Quando olhamos de forma geral, vemos a inflação de serviços e do núcleo de serviços bem comportada, indo na trajetória que esperávamos ao longo desses meses", acrescentou.

Campos Neto ressaltou que, mesmo antes do corte de 0,50 ponto porcentual da taxa Selic realizado em agosto já havia uma melhora das condições financeiras no Brasil. "As condições financeiras tiveram um afrouxamento, um ganho de liquidez, mesmo antes da queda da Selic", disse Campos Neto. "Foi em parte pela credibilidade do BC, em parte pelo que o governo tem feito e em parte pelo Congresso, que fez um excelente trabalho aprovando várias medidas", enumerou ele, que emendou que ainda há medidas que precisam ser aprovadas.

China gera preocupação

O presidente do Banco Central afirmou também que as surpresas negativas com a economia chinesa têm sido o grande tema na discussão global sobre atividade econômica. "Hoje temos mais notícias da China sobre empresas ligadas ao setor da construção civil que não estão conseguindo honrar seus compromissos", disse ele.

Campos Neto citou o corte dos juros feito pelo país na terça - de 0,15 ponto porcentual, que levou uma das taxas de referência a 2,50% - e avaliou que "não é isso que fará a economia acelerar muito".

Com Estadão Conteúdo.

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