Economia

Mercado muda discurso e passa por nova fase de aceitação a Lula

São Paulo, 1 de outubro (Portal EXAME) A menos de uma semana do primeiro turno das eleições presidenciais, nenhum analista ou operador do mercado arrisca ditar tendências ou fazer previsões. A instabilidade continua até porque existem pressões internacionais que nada têm a ver com a escolha do próximo presidente brasileiro -, mas ficou claro depois […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h32.

São Paulo, 1 de outubro (Portal EXAME) A menos de uma semana do primeiro turno das eleições presidenciais, nenhum analista ou operador do mercado arrisca ditar tendências ou fazer previsões. A instabilidade continua até porque existem pressões internacionais que nada têm a ver com a escolha do próximo presidente brasileiro -, mas ficou claro depois de ontem que é possível manter a taxa de câmbio abaixo dos 4 reais e o risco-país dos 2 500 pontos. Parte do mercado absorveu a idéia de vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva e esta aceitação é tranquilizadora , afirma um analista de um grande banco internacional em São Paulo. Vamos descobrir a partir de hoje se essa tranqüilidade é capaz de seguir em frente mesmo com novas pesquisas eleitorais ou declarações sobre quem comandará a economia do país.

O mercado está começando a aceitar a vitória de Lula? Talvez. Essa, pelo menos, foi a justificativa mais ouvida para explicar a surpresa de ontem (30/09) quando o dólar teve forte baixa e contrariou as expectativas de que ultrapassaria o patamar dos 4 reais. Pelo menos há um mês, alguns relatórios de importantes bancos, como o Lloyds TSB e o BBV Banco, afirmam que a reação do mercado tem sido exagerada e que acreditam na estabilização da moeda logo em seguida do final das eleições. Esse discurso começou a ser adotado ontem por outros bancos e analistas. O presidente do Itaú, Roberto Setúbal, por exemplo, disse em conversa com investidores americanos, em Washington, que os empresários brasileiros têm confiança na política de desenvolvimento industrial defendida pelo PT.

Nenhum dia seria melhor do que hoje para testar a suposta aceitação do PT no governo. Três fatores vão influenciar no mercado de câmbio e de ações: o vencimento de contratos de câmbio no mercado futuro e de 1,25 bilhão de dólares em dívida pública cambial; a divulgação de uma nova pesquisa do Ibope e o desempenho das bolsas internacionais, que aguardam um resultado da reunião entre a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Iraque.

Em relação ao vencimento da dívida pública, o mercado já passou pelo pior a pressão aconteceu ontem, já que o valor do dólar utilizado para a quitação é o do último dia do mês. O governo já avisou que irá rolar apenas 50% desta dívida. A menos que surjam boatos antecipando o resultado da pesquisa, não vejo razões para se preocupar com o vencimento , afirma Aquiles Mosca, economista do ABN Amro. Na sua opinião, o mercado de juros futuro também tende a ficar mais calmo. Ontem foi publicado o relatório de inflação do Banco Central e a expectativa da taxa está acima do esperado chega a 5% em 2003. Isso significa que não há possibilidade de o governo aumentar a taxa básica de juros e, conseqüentemente, o cupom cambial projeção do valor da taxa de juros em dólar da BM&F pela qual o governo ajusta a rolagem da dívida pública deve ficar estável.

O fato mais importante do dia, portanto, continua sendo a pesquisa eleitoral, que deve ser divulgada à noite. Se surgirem boatos sobre o resultado durante o dia, como vem acontecendo nas últimas semanas, o mercado começa a sofrer hoje mesmo os efeitos e é aí que a aceitação da vitória de Lula será posta à prova. O compasso é de espera , diz Aquiles.

Quanto ao cenário internacional, que deve influenciar mais o mercado de ações, o principal fato é o final da reunião entre a ONU e o Iraque. As notícias parecem boas para o mercado: a ONU rejeitou a solicitação dos Estados Unidos de adiar o retorno ao Iraque dos inspetores de armas até a votação eventual de uma resolução sobre um novo regime de inspeções. Ontem o secretário de Estado americano, Colin Powell, havia pedido aos inspetores encarregados de verificar o desarmamento iraquiano que suspendessem seu eventual retorno ao Iraque, na espera da adoção por parte do Conselho de Segurança de uma resolução que defina um novo regime de inspeções. Os Estados Unidos e o Reino Unido devem apresentar hoje ou amanhã um projeto de resolução enérgico, depois que os embaixadores americano e britânico na ONU conversarem com os dez membros não permanentes do Conselho de Segurança.

Além do impasse EUA-Iraque, são aguardados alguns indicadores econômicos que definirão o desempenho de Wall Street. Será divulgado o relatório semanal Redbook, com o desempenho do comércio varejista na semana até 28 de setembro. Na semana anterior o relatório registrou alta de 0,6%.

Sai o indicador de gastos com construção civil de agosto. Será divulgado também, pelo Instituto para Gestão de Oferta (ex-NAPM), o índice nacional de atividade industrial de setembro. No mês julho, os gastos com construção não sofreram alteração. A expectativa do mercado para agosto é de queda de 2%. Já o índice nacional de atividade industrial ficou em 50,5 pontos em agosto. Para setembro, o mercado espera um crescimento para 51 pontos.

O cenário do mercado de ações ainda é instável principalmente por conta da situação do Iraque. Ainda é cedo para falar em tendência de estabilidade , diz Luiz Vaz, diretor da corretora paulista Planner.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

Haddad: Pé-De-Meia entra no Orçamento em 2026

Governo prevê economia de pelo menos R$ 1 bilhão com concursos públicos em 2025

Governo Lula prevê R$ 327 bilhões de economia até 2030 com pacote fiscal; veja detalhamento

Haddad: perda de arrecadação com isenção de IR para renda de R$ 5 mil é de R$ 35 bilhões