Economia

Mercado mostra apetite para leilão de energia solar

Leilão para a contratação de usinas solares fotovoltaicas que a Aneel promove na 6ª deverá ter boa concorrência entre investidores


	Painéis de energia solar
 (Yuzuru Yoshikawa/Bloomberg)

Painéis de energia solar (Yuzuru Yoshikawa/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 27 de agosto de 2015 às 18h41.

São Paulo - O leilão para a contratação de usinas solares fotovoltaicas que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) promove na sexta-feira deverá ter boa concorrência entre investidores, sinalizando o otimismo do mercado com o segmento, em contraste com o pouco interesse nas últimas licitações realizadas pelo governo no setor de energia.

Mesmo a forte desvalorização do real ante o dólar, que tem forte impacto nos custos de equipamentos solares importados, não tem diminuído o apetite pelo certame, que terá um preço teto de 349 reais por megawatt-hora para a energia, com obrigação de entrega a partir de agosto de 2017.

"O preço da energia solar caiu bastante no mundo todo... acho que o preço teto está dentro de um valor competitivo... está perto do que foi praticado no Uruguai e lá tem dado certo, tem aparecido investidores", disse o presidente do Instituto Ideal, voltado a incentivar a energia solar na América Latina, Mauro Passos.

De acordo com ele, o Brasil é visto como um mercado promissor pela indústria global por representar também uma porta de entrada para investimentos em energia renovável na América do Sul.

"Pelo que escuto, grandes fabricantes têm oferecido aos investidores produtos até abaixo do preço de custo com o intuito de abrir portas para negócios no futuro", apontou Passos.

No primeiro leilão de contratação de usinas fovoltaicas realizado no país, em outubro passado, foram viabilizados cerca de 890 megawatts em projetos, com redução média de quase 18 por cento em relação ao preço teto definido para a competição.

Para o sócio da consultoria Thoreos, Rodrigo de Barros, um deságio tão alto não deve se repetir, mas não há dúvidas de que o certame viabilizará empreendimentos.

"As condições de financiamento neste ano são bem mais desafiadoras, e tem também a questão cambial, que é uma incógnita... mas o preço permite uma concorrência, que os agentes privados entrem e tomem os riscos inerentes ao setor. Não é elevado a ponto de você estar com gordura, mas é justo para as condições que temos", analisou.

Do lado da indústria, a expectativa é que o certame dê mais um sinal para desenvolver uma cadeia local de suprimento de equipamentos e serviços ao setor.

"A expectativa é muito boa. O leilão é uma grande oportunidade para que tanto governo quanto iniciativa privada mostrem suas intenções quanto à energia fotovoltaica no Brasil. O leilão gera a demanda que se espera para que a cadeia produtiva comece a se movimentar adequadamente", comentou o vice-diretor do grupo setorial fotovoltaico da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Leônidas Andrade.

O certame conta com 341 projetos habilitados, em um total de 11,2 gigawatts em potência instalada, o equivalente a uma hidrelétrica de Belo Monte. A Bahia lidera com 125 empreendimentos, seguida pelo Piauí, com 61, e pelo Rio Grande do Norte, com 37.

O otimismo dos analistas com o leilão de energia solar contrasta com o sentimento negativo visto em certames recentes.

O leilão de linhas de transmissão realizado esta semana frustrou as expectativas do governo, ao receber propostas de investidores para apenas 4 dos 11 lotes ofertados e registrar, nos empreendimentos arrematados, um deságio médio baixo, de 2 por cento.

O leilão de energia elétrica A-3 da semana passada também registrou pouco deságio ante os preços teto estabelecidos, indicando pouca competição.

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