Medidas devem vir após indicações de que a expansão da economia brasileira veio abaixo do esperado no primeiro trimestre (Antônio Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2012 às 15h08.
Brasília - O governo deve anunciar nesta segunda-feira novas medidas para auxiliar o crescimento do país neste ano, disse à Reuters fonte ligada à equipe econômica, após indicações de que a expansão da economia brasileira veio abaixo do esperado no primeiro trimestre.
Entre as medidas, o governo deve divulgar a ampliação do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com aumento de linhas e redução de encargos para a indústria, com foco em máquinas e equipamentos.
Segundo fonte do setor industrial, as fabricantes de máquinas e equipamentos receberam sinalização do governo de que as taxas de juros do PSI, que em termos gerais chegam a 11,5 por cento ao ano, podem baixar para algumas linhas específicas para 5,5 por cento ao ano.
O governo deve informar, ao mesmo tempo, transferência de 10 bilhões de reais para o BNDES, como parte do aporte maior de até 45 bilhões de reais já anunciado a ser feito pelo Tesouro Nacional. Esses recursos serão colocados à disposição do banco de fomento entre junho e julho para equalização de juros subsidiados, disse a fonte ligada à equipe econômica.
As medidas visam ampliar o crédito subsidiado ao setor industrial, que tem registrado dificuldade em retomar o ritmo de expansão.
Além disso, o governo deve revelar medidas de estímulos às montadoras. Dentro do setor, a expectativa é que o anúncio ocorra ainda nesta segunda-feira para, segundo uma fonte dessa indústria, facilitar aquisição de veículos e caminhões.
Nesse caso, uma das ações seria a redução da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em linhas de crédito acima de um ano de atuais 2,5 para 2 por cento ou menos.
Nesta manhã, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, estiveram reunidos em São Paulo. Segundo fontes da área econômica, eles estavam analisando a conjuntura econômica e a perspectiva para o crescimento do país.
Construção
O governo estuda também ampliar a oferta de financiamento no setor imobiliário. Entre as medidas previstas consta a oferta de linha de crédito para construção, reforma e ampliação de imóveis residenciais com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Embora essa linha tenha sido criada no início do ano, não saiu do papel. O indicativo é que o Ministério da Fazenda intercederia para viabilizar esse tipo de financiamento, em uma iniciativa que envolveria a Caixa Econômica Federal.
Na área tributária, fonte do governo sinalizou que a área econômica pode ampliar os materiais de construção que são contemplados com redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A lista atual contempla areia, brita, cal e cimento, e poderia passar a abranger alguns itens de acabamento como porcelanatos e louças.
PIB Na última sexta-feira, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) mostrou variação de 0,15 por cento nos primeiros três meses. O percentual ficou inferior ao 0,20 por cento verificado de outubro a dezembro, indicando que a economia brasileira iniciou 2012 desacelerando.
Com base no IBC-Br do primeiro trimestre, a área econômica calcula que o número real deverá ficar em torno de 0,40 por cento.
Os indicadores antecedentes e o IBC-Br indicaram que a economia brasileira não deverá neste ano registrar crescimento de 4,5 por cento, que é a previsão oficial o Ministério da Fazenda.
A demora da economia em reagir de forma mais vigorosa, mesmo com as reduções da taxa básica de juro Selic e medidas de estímulo anteriores, acendeu a luz amarela na Fazenda, que vem se reunindo com representantes da indústria para discutir formas de impulsionar o crescimento.