Navio com contêineres: as pequenas empresas se destacaram nas exportações de madeira serrada, obras de mármore e granitos e também na de pedras preciosas (Patrick T. Fallon/Bloomberg)
João Pedro Caleiro
Publicado em 25 de janeiro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 25 de janeiro de 2017 às 06h00.
São Paulo - 2017 promete alçar a política comercial para o topo da agenda global.
Um dos primeiros atos de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos foi o abandono oficial do Acordo Transpacífico, negociado pelo ex-presidente Barack Obama.
Se aprovado, o acordo teria derrubado barreiras comerciais entre 12 nações que somam 800 milhões de pessoas e 40% do PIB global.
Outros parceiros dizem que vão seguir negociando sem os americanos e a China, que tinha ficado de fora, já se movimenta para ocupar o vácuo deixado.
Na semana passada, o presidente chinês Xi Jinping abriu o encontro da elite global em Davos com uma defesa apaixonada dos benefícios da globalização.
Outro ponto de atenção é a saída do Reino Unido da União Europeia, que ainda precisa ser concretizada formalmente após aprovação do Parlamento, como definiu hoje a Suprema Corte.
Só a partir daí poderão ser firmados os novos termos de integração - tanto entre o país e o bloco quanto entre o país e os não-europeus.
Não será fácil, segundo um estudo publicado recentemente no VoxEU por Alberto Osnago, analista da OMC (Organização Mundial do Comércio), com Alen Mulabdic e Michele Ruta, do Banco Mundial.
Com dados do BM, eles analisaram a profundidade média dos laços comerciais de todos os países do mundo: quanto mais escuro, mais profundo. Veja:
O mapa deixa claro que a União Europeia é o mais profundo dos 279 acordos em 44 áreas de políticas públicas que entraram em vigor até 2015.
"Um Brexit mais duro pode ter um impacto negativo mais forte no comércio de serviços e integração de cadeias de valor, que dependem mais da profundidade da UE", diz o texto.
A estimativa do estudo é que a queda do valor adicionado pelo comércio no Reino Unido fique entre 6%, caso a saída seja mais suave, e 28%, no cenário de saída mais dura.
Um dos fatores que fazem de Londres um centro financeiro tão poderoso, por exemplo, é que ele pode servir com base de operações para todo o continente - o que dificilmente continuará permitido pós-Brexit.
Se o Reino Unido conseguir um acordo muito vantajoso, isso vai estimular a saída de outros países - e não há nada que assuste mais a UE, ainda mais agora que partidos com plataforma antieuropeia despontam nas pesquisas para as próximas eleições de Alemanha, França e Holanda.