Ministro da Fazenda, Guido Mantega: "a crise veio mudando de fase, passou do colo do setor privado para o colo do setor público" (Diógenis Santos/AFP)
Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2011 às 22h24.
São Paulo - A fraqueza de Estados Unidos e Europa deve pressionar negativamente a economia mundial e a disputa dos países pelos mercados globais deve intensificar a guerra cambial, segundo previu o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nesta segunda-feira.
"Os Estados Unidos não têm a recuperação que esperávamos; na Europa a coisa está ainda pior por causa da crise aguda da dívida", disse o ministro durante evento em São Paulo. "O resultado é que nos próximos dois anos esses países vão crescer num ritmo lento, pífio, isso se não entrar em recessão."
Nesse cenário, disse Mantega, a disputa pelos mercados internacionais vai se intensificar, implicando na desvalorização forçada das moedas para tentar ganhar competitividade.
"A guerra cambial tende a recrudescer", afirmou.
Apesar deste quadro negativo, Mantega avaliou que o Brasil está melhor preparado para enfrentar uma eventual intensificação da crise do que estava em 2008. Como exemplo, ele citou as reservas internacionais de cerca de 350 bilhões de dólares, o mercado interno forte e o sistema financeiro sólido.
Além disso, Mantega reiterou que o governo está preparado para usar instrumentos para incentivar a economia, caso seja necessário.
"Temos muita bala na agulha para enfrentar uma eventual piora da crise", disse ele.
Como exemplo do vigor da economia brasileira o ministro citou ainda as recentes medidas do governo para conter o ritmo de expansão da economia.
Mantega agregou que o governo está contendo gastos de custeio para permitir mais investimentos e uma possível desoneração tributária. Segundo ele, isso permitirá que o Brasil mantenha crescimento econômico sem pressões inflacionárias.
O ministro assegurou que a meta de inflação deste ano será alcançada. A previsão de Mantega que é a alta mensal média do IPCA seja de 0,3 a 0,4 por cento nos próximos meses.
A meta de inflação para o ano é de 4,5 por cento, com tolerância de dois pontos percentuais.