Economia

Mantega critica 'reticência' europeia em revisar cotas de poder no FMI

Mantega: resistência é profundamente danosa à instituição e à credibilidade dos países

Segundo Mantega, cota de Luxemburgo é superior à da Argentina e África do Sul (Ueslei Marcelino/Reuters)

Segundo Mantega, cota de Luxemburgo é superior à da Argentina e África do Sul (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2012 às 15h26.

Washington - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou neste sábado a 'reticência' dos países europeus em revisar o sistema de cotas (poder de voto) do Fundo Monetário Internacional (FMI) e afirmou que o 'equilíbrio atual é profundamente prejudicial para a credibilidade' da instituição.

Como exemplo, Mantega ressaltou que a cota de Luxemburgo é superior às de Argentina e África do Sul, e que a da Bélgica é maior que as de Indonésia e Nigéria.

Países como Brasil, China, Rússia e Índia insistiram em seguir avançando nas reformas da redistribuição de cotas do FMI para que reflita adequadamente o peso relativo dos membros na economia global.

'A reticência de alguns países em aplicar os acordos de reforma integral da fórmula do sistema de cotas é profundamente danoso à instituição e à própria credibilidade destes países', afirmou em seu discurso perante o Comitê Financeiro e Monetário do FMI.

O ministro insistiu em seus apelos sobre a necessidade avançar no 'lento e limitado' processo de reformas que deve ser concluído para a próxima reunião anual do FMI, em Tóquio, em outubro deste ano, para poder passar a uma modificação mais ampla em 2013.

'Se repete frequentemente que as reformas nas cotas são cruciais para a legitimidade e efetividade do fundo. O mero ritual de repetição deste tipo de declarações não é suficiente', declarou.

Mantega também mostrou sua preocupação pela consolidação fiscal em muitas economias avançadas. Neste sentido, ele pediu a países com 'espaço fiscal', como a Alemanha e os do norte da Europa, a adotarem medidas de 'estímulo' que 'ajudariam não só à demanda global, como também facilitariam o reequilíbrio dentro da zona do euro'.

O ministro atacou, além disso, as políticas monetárias 'ultraexpansivas' por parte de países ricos que afetam os mercados emergentes. Mantega reiterou que o governo brasileiro continuará aplicando as medidas que 'julgar necessário' para conter os fluxos excessivos e voláteis de capital com políticas macroprudenciais e controles de capital.

'O Brasil se opõe a qualquer código de conduta ou diretriz internacional que tente constranger as respostas políticas destes mercados emergentes', concluiu.

Durante seu discurso, Mantega não se referiu à ampliação de capital de US$ 430 bilhões para o FMI, aprovada ontem pelo G20. Antes, em um encontro com jornalistas após a reunião do Fundo e do Banco Mundial, o ministro mostrou sua disposição em reforçar os recursos do FMI, mas lamentou que 'alguns países tenham mais entusiasmo em pedir dinheiro do que em reformar o sistema de cotas'. O Brasil aceitou colaborar neste aumento, mas evitou dar um número específico.

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