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Mantega admite política monetária mais contracionista

Para o ministro, não está faltando crédito, porque os bancos públicos estão emprestando. Mas está faltando crédito para consumo

Guido Mantega: o crédito, de acordo com o ministro, vai voltar (Antonio Cruz/Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2014 às 15h37.

São Paulo - O ministro da Fazenda, Guido Mantega , durante o 11º Fórum de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), lembrou que a política monetária foi extremamente contracionista.

"Tivemos uma política monetária mais contracionista, que combinou com as medidas macroprudenciais de 2010. Elas encareceram o crédito juntamente com a elevação da Selic, de 7,25% para 11%", disse.

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Para o ministro, não está faltando crédito, porque os bancos públicos estão emprestando. Mas está faltando crédito para consumo.

"O consumidor está endividado e não tem condições de continuar a comprar a prazo apesar de a inadimplência estar sendo reduzida".

Mantega também disse que a falta de crédito combinou com os feriados da Copa e a indústria não teve como reagir. O crédito, de acordo com Mantega, vai voltar.

"Por isso, digo que são problemas conjunturais. O BC já flexibilizou o compulsório, a seca vai diminuir, temos reservas mais elevadas, até mais que em 2008", disse o ministro, acrescentando que o fluxo de investimentos continua forte.

"Temos uma bolsa subindo há vários meses", disse.

O emprego, segundo o ministro, continua aumentando. "A economia está mais sólida do que em 2008 e temos condições de ficar mais fortes", afirmou.

Do ponto de vista do investimento externo, disse ele, "demos um salto a partir de 2008. Passamos a transitar em volumes US$ 60 bilhões e a inflação não passa do teto da meta, apesar das pressões dos choques de alimentos".

O ministro destacou ainda que a divida está caindo.

"Estamos prontos para iniciar um novo ciclo de expansão da economia. A partir de 2008 tivemos uma crise, o que levou à desalavancagem do crescimento. A economia mundial deve melhorar, mas não devemos subestimar o efeito dessa crise", ressaltou.

O novo ciclo de desenvolvimento tem como objetivo, de acordo com Mantega, aumentar o bem-estar social, com inovação, infraestrutura e educação.

"Não se pode achar que a economia vai crescer só com investimentos. As economias asiáticas que estão voltadas para a exportação podem até crescer só com investimentos, mas no caso chinês, está enfrentando ociosidade de suas plantas", disse o ministro.

Estímulos

O ministro afirmou ainda que depois de um período de adoção de políticas anticíclicas pelo governo, é necessário reduzir os estímulos concedidos para incentivar a demanda agregada no Brasil.

"Em 2015 temos que caminhar para um (superávit) primário maior. Nossa projeção de primário é de 2% a 2,5% do PIB para o próximo ano", comentou.

"Isto ajudaria o BC a flexibilizar a política monetária, que está muito severa", destacou o ministro. "É o BC quem decide sobre os juros. Mas há condições para volta de taxas mais moderadas", disse.

Mantega afirmou que o tripé macroeconômico é essencial, mas não é completo e é importante que em 2015 o país continue com uma política econômica mais abrangente.

"Fazer o tripé é uma condição necessária, mas não suficiente de política econômica", ponderou.

"Na política de desenvolvimento, somos a favor de manter as desonerações que foram feitas, especialmente de folha de pagamento, o Reintegra e continuar a reforma tributária", disse.

Reforma tributária

O ministro defendeu também a necessidade de se implementar reformas para que a economia entre no novo ciclo de crescimento com vigor, entre elas a reforma tributária.

Mas numa referência aos candidatos à Presidência da República da oposição, o ministro criticou a forma como tratam a questão na campanha eleitoral.

"Vejo muita gente falando que no primeiro dia (de governo) vai realizar a reforma. Isso é uma ilusão de quem nunca esteve lá (no governo) porque a reforma depende da aprovação do Congresso. Nós tentamos fazer as reformas e não conseguimos", disse o ministro, acrescentando que por isso resolveram fazer a reforma em partes.

Mas disse que o governo tem uma proposta de reforma no Congresso, que não sofre tanta resistência a não ser de dois ou três estados.

O ministro também afirmou que a política industrial tem que ser mantida. Mantega disse que os investimentos do PAC devem continuar e que as concessões têm que ser ampliadas.

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