Economia

Maioria do Copom já debate queda da Selic em agosto, com ancoragem de expectativas de inflação

Apesar da sinalização, posição unânime entre os diretores do BC é de que é necessário observar maior reancoragem das expectativas longas para corte de juros

 (Adriano Machado/Reuters)

(Adriano Machado/Reuters)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 27 de junho de 2023 às 08h52.

Última atualização em 27 de junho de 2023 às 09h39.

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve a Selic inalterada em13,75% ao ano, mostrou que os diretores do Banco Central (BC) divergiram como sobre deveriam sinalizar os próximos passados. A avaliação da maioria foi de que a continuidade do processo de desinflação e os impactos sobre as expectativas podem permitir uma queda de 0,25 ponto percentual no próximo encontro, em agosto. Entretanto, a posição unânime é de que é necessária maior reancogarem das expectativas longas para o início do processo de cortes. Esse processo pode ter início na quinta-feira, 29, quando o Conselho Monetário Nacional (CMN) define a meta de inflação de 2026 e pode revisar as de 2024 e 2025.

“A avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”, escreveram os diretores do BC, na ata.

Outro grupo, entretanto, foi mais cauteloso e enfatizou que a dinâmica desinflacionária ainda reflete o recuo de componentes mais voláteis e que a incerteza sobre o crescimento econômico gera dúvida sobre o impacto do aperto monetário até então implementado.

“Para esse grupo, é necessário observar maior reancoragem das expectativas longas e acumular mais evidências de desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo. Entretanto, os membros do Comitê foram unânimes em concordar que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, informou o BC.

Os diretores do BC ainda afirmaram que as expectativas de inflação apresentaram algum recuo, mas seguem desancoradas, em parte em função do questionamento sobre uma possível alteração das metas de inflação futuras. “O Comitê avalia que decisões que reancorem as expectativas podem levar a uma desinflação mais célere”, afirmou o Copom. A tendência é que esse processo ganhe força a partir de quinta-feira, 29, quando o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reunirá para debater a meta de 2026 e reavaliar os objetivos de 2024 e 2025.

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