Lula e Haddad se reúnem hoje com líderes da base para discutir medidas de arrecadação
Ministro falou em 'erosão' de receitas após Lula colocar meta fiscal em xeque
Agência de notícias
Publicado em 31 de outubro de 2023 às 07h35.
O presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad , marcaram reunião com líderes da base aliada do Congresso para a manhã desta terça-feira para discutir o que chama de "erosão da base fiscal" do governo federal. O encontro foi marcado por orientação do próprio presidente Lula, que pediu ao ministro para expor o problema a deputados e senadores.
Na última sexta-feira, o presidente afirmou que dificilmente o governo vai cumprir a meta de zerar o déficit e disse que o mercado financeiro era "ganancioso" ao exigir que o governo cumprisse o prometido. Nesta segunda, Haddad evitou falar diretamente que o governo irá manter a meta zerada.
"Erosão" na arrecadação
Haddad vem apontando essa "erosão" como uma das causas para a arrecadação do país estar em queda, mesmo com o crescimento do PIB acima do esperado. Isso nada mais é do que a diminuição do valor sobe o qual são incididos os impostos federais. Quando um estado concede um benefício fiscal, por exemplo, por meio de ICMS, pode cair também o valor arrecadado de impostos federais.
Segundo dados da Receita Federal, até setembro, a arrecadação do governo federal aponta queda de 0,78% em termos reais, já desconta a inflação. Desde janeiro, contudo, as projeções de crescimento do PIB deste ano saltaram de 0,5% para 2,89%, de acordo com o Boletim Focus do Banco Central.
Na entrevista que concedeu na sede do Ministério da Fazenda na segunda-feira, Haddad afirmou que o objetivo da medida provisória (MP) que regulamenta a subvenção do ICMS é recompor R$ 200 bilhões de base de arrecadação que significa uma perda em torno de R$ 35 bilhões para os cofres do governo federal.
— Se tudo der certo, 2023 vai ser o último ano dessa brecha — afirmou o ministro.
Para 2024, a meta estipulada pela própria equipe econômica é zerar o déficit primário. O mercado financeiro, no entanto, aposta que haverá déficit em torno de 0,8% do PIB. Ainda assim, economistas apontam que é importante manter a meta, mesmo que seja descumprida, para que medidas de contenção de despesas previstas no arcabouço fiscal sejam acionadas nos anos seguintes.