O líder do partido neonazista grego Aurora Dourada, Nikos Mihaloliakos: "Auschwitz, que Auschwitz? Eu não fui. O que aconteceu lá? Você estava lá?" (Louisa Gouliamaki/AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de maio de 2012 às 11h03.
Atenas - O líder do partido neonazista grego Aurora Dourada, que conquistou um assento nas eleições de 6 de maio, negou a existência das câmaras de gás nazistas em uma entrevista concedida à televisão, o que provocou um protesto do governo em um país onde o negacionismo não é um crime.
"Auschwitz, que Auschwitz? Eu não fui. O que aconteceu lá? Você estava lá?" perguntou Nikos Mihaloliakos, segundo o vídeo divulgado pela rede de televisão privada Mega.
"Não existiram nem fornos (crematórios), nem câmaras de gás, é uma mentira", acrescentou o dirigente. Também disse ter "lido muitos livros que colocam em dúvida o número de seis milhões de judeus" exterminados pelos nazistas.
É a primeira vez desde as eleições que Mihaloliakos faz declarações negacionistas publicamente. O Aurora Dourada obteve 6,9% dos votos (21 deputados) em um contexto de raiva dos gregos diante da austeridade, que também incentiva sentimentos de xenofobia.
O líder do partido também reiterou que considera Hitler "uma grande personalidade histórica do século XX". "Eu não digo 'heil' (grito de slogan durante as manifestações nazistas) simplesmente porque é algo que se diz a alguém que está vivo", respondeu a um jornalista que perguntava se mantinha o chamado a fazer a saudação nazista que havia adotado em 1987.
O porta-voz do governo atual, Pantelis Kapsis, "condenou da maneira mais categórica" estas declarações "que deformam a história e constituem um atentado brutal à memória das milhares de vítimas do Holocausto".
Kapsis lembrou que, entre estas vítimas, figuravam "dezenas de milhares de judeus gregos", em uma pouco comum referência oficial ao destino de uma comunidade cujo extermínio por parte dos nazistas é lembrado há muito pouco tempo nos livros de história.
O Conselho dos Judeus da Grécia pediu recentemente "aos dirigentes políticos, sociedade civil, comunidade de educadores e intelectuais que condenem e isolem as forças" do tipo da Aurora Dourada.