Levy: ministro afirmou que o governo já começou a adotar as medidas de ajuste fiscal (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2015 às 17h30.
Brasília - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, evitou nesta segunda-feira, 5, comentar sobre o prazo para que a inflação volte ao centro da meta, de 4,5%.
"Eu não vou exatamente falar sobre meta de inflação, até porque estou nesse prédio (do Banco Central, onde ocorreu sua transmissão de cargo)", disse.
Levy acredita que a inflação irá convergir para o centro da meta muito antes de 2017, mas afirmou que isso depende das ações do BC.
A autoridade monetária trabalha com o IPCA no centro da meta no final de 2016.
Levy afirmou que o governo já começou a adotar as medidas de ajuste fiscal, iniciando pelo lado dos gastos.
Na primeira entrevista no cargo, ele citou a remodelagem das taxas de juros das linhas do BNDES, que, segundo ele, "foi uma coisa importante", e os ajustes para conter excessos na concessão de pensões e o seguro-desemprego.
"São ajustes importantes para a economia e favoráveis à própria dinâmica do mercado de trabalho", comentou.
Levy destacou que o governo começou os ajustes pelo lado dos gastos, mas sugeriu que medidas podem ser tomadas para aumentar as receitas.
"A gente deve considerar alguns ajustes do lado da receita, principalmente onde há sinalização de que ajuda no tipo de transformação que a gente quer e ajuda na poupança e a fazer investimento", afirmou.
"O importante é que já começou e, por um lado, é essencial para a economia funcionar bem", continuou.
Levy afirmou que o controle das despesas públicas é importante para que, amanhã, não tenha que elevar ainda mais a carga tributária.
"Só se consegue estabilizar a carga tributária quando o gasto tiver trajetória que dê conforto e facilite o crescimento econômico mais alto e que a trajetória do gasto se torne mais favorável", disse.
O ministro afirmou que a estratégia será sempre de ajuste fiscal e de dar agilidade à economia e mais confiança para investir.
Governadores
Levy disse ainda que manterá o "máximo" diálogo com governadores para negociar projetos em tramitação no Congresso, como a renegociação da dívida com a União.
"Esse é um tema bastante complexo. Não vou me adiantar", disse, afirmando que sua equipe irá conversar com os estados.
Levy disse que esse é um tema acompanhado com atenção até fora do Brasil, por causa do impacto sobre a dívida brasileira.
"Nossas decisões têm que levar em conta o rating da nossa dívida, que tem impacto muito grande em todo o setor privado. Tem que ser prioridade", afirmou.
Patrimonialismo
Levy disse também não ser invenção sua a ideia de pôr um basta no sistema patrimonialista.
"Não é uma invenção minha. Apenas estou ecoando pela afinidade do pensamento, do que foi colocado no discurso de diplomação de algumas semanas atrás. O que é isso, na verdade? Qual a distinção entre patrimonialismo e a antítese: ter clareza nas regras. Todo mundo poder jogar no jogo e com as consequências de maior governança, de melhora, aquilo que foi colocado pela presidente", disse explicando o seu discurso.
Segundo ele, o Brasil tem maturidade e isso tem impacto tremendo na confiança, em mais pessoas querendo tomar risco.
"Quando você acha que tem chance, você tem muito mais vontade de fazer as coisas. Tem impacto tremendo na confiança", completou.
O ministro afirmou que o fim do patrimonialismo é a modernização de uma sociedade, inclusiva, o que a presidente deixou muito claro: patrimonialismo não é compatível com sociedade inclusiva.