Economia

Lentamente, bancos centrais indicam giro de política monetária

Com os principais bancos centrais comprometidos com compras de títulos e outros programas de flexibilização que tradicionalmente são liquidados primeiro, aumentos dos juros permanecem um pouco distantes para a maioria

Oystein Olsen, governador do banco central da Noruega, também conhecido como Norges Bank, faz uma pausa durante uma coletiva de imprensa sobre taxas de juros em Oslo, Noruega, na quinta-feira, 20 de junho de 2019. Norges Bank está ocupado construindo uma reputação como um dos centros mais hawkish do mundo bancos à medida que apresenta seu terceiro aumento nas taxas de juros desde setembro e sinaliza que há mais por vir. (Bloomberg/Bloomberg)

Oystein Olsen, governador do banco central da Noruega, também conhecido como Norges Bank, faz uma pausa durante uma coletiva de imprensa sobre taxas de juros em Oslo, Noruega, na quinta-feira, 20 de junho de 2019. Norges Bank está ocupado construindo uma reputação como um dos centros mais hawkish do mundo bancos à medida que apresenta seu terceiro aumento nas taxas de juros desde setembro e sinaliza que há mais por vir. (Bloomberg/Bloomberg)

B

Bloomberg

Publicado em 26 de maio de 2021 às 10h09.

Bancos centrais começam a sinalizar uma transição das políticas de emergência. Na quarta-feira, a Nova Zelândia seguiu os passos do Canadá e indicou um possível aumento da taxa de juros no próximo ano.

Com a narrativa de aperto monetário, os rendimentos dos títulos da Nova Zelândia e a moeda do país subiram. A continuidade das campanhas de vacinação e reabertura das economias levam operadores a dobrar as apostas em aumento dos juros ou desaceleração das compras de ativos em outros países.

O cenário indicado pela Nova Zelândia foi muito mais “hawkish”, ou inclinado ao aperto monetário, do que o esperado e pode sinalizar uma transição global, segundo Sharon Zollner, economista-chefe do ANZ Bank New Zealand, em Auckland.

Desde o início de fevereiro, os mercados financeiros já anteciparam as apostas do primeiro aumento dos juros pelo Federal Reserve em quase um ano. No mesmo período, as expectativas do mercado para o Banco da Inglaterra migraram de cortes dos juros no fim de 2022 para um aumento das taxas, enquanto investidores quase eliminaram apostas de reduções pelo Banco Central Europeu para precificar uma alta de 10 pontos-base até o fim de 2023.

Com os principais bancos centrais comprometidos com compras de títulos e outros programas de flexibilização que tradicionalmente são liquidados primeiro, aumentos dos juros permanecem um pouco distantes para a maioria. Mas a expectativa sobre a redução das compras de ativos ganha força.

O vice-presidente do Fed, Richard Clarida, disse em entrevista ao Yahoo! Finance na terça-feira que pode haver um momento nas próximas reuniões de política monetária em que as autoridades possam discutir a redução das compras. O BOE desacelerou as compras de títulos e sinalizou que está no caminho para encerrar essa ajuda ainda este ano.

O banco central da Austrália estabeleceu julho como prazo para decidir sobre a extensão das compras. A Noruega está na trilha para iniciar um ciclo de aperto monetário, e a Islândia já começou. O Banco do Canadá anunciou no mês passado uma redução das compras de dívida, pois prevê uma recuperação econômica mais rápida que poderia abrir caminho para aumentos dos juros no próximo ano.

Ponto de inflexão

“A transição da política monetária está começando”, disse Alicia Garcia Herrero, economista-chefe para a Ásia-Pacífico do Natixis em Hong Kong, que trabalhou no BCE e no Fundo Monetário Internacional.

O presidente do banco central neozelandês, Adrian Orr, disse que o novo cenário da instituição tem como base a continuidade da recuperação da economia com a vacinação e controle da pandemia. Em conferência de imprensa depois que a instituição anunciou a nova perspectiva, Orr destacou que as previsões de aumento dos juros são a partir do segundo semestre de 2022 e “quem sabe onde estaremos até lá”.

Clarida, do Fed, também condicionou seus comentários aos dados de emprego e pressões inflacionárias, que ele espera sejam transitórias.

Também é verdade que nem todos os bancos centrais sinalizam uma mudança da política monetária, pelo menos na zona do euro, onde o membro do conselho executivo do BCE, Fabio Panetta, disse na quarta-feira que não vê uma mudança nas perspectivas econômicas para justificar uma redução das compras de títulos.

Nos mercados emergentes, o cenário é fragmentado. O banco central da Hungria disse nesta semana que está pronto para iniciar o aperto monetário, seguindo os passos da Rússia, Turquia e Brasil. O Banco Popular da China mantém a política com estímulos relativamente disciplinados, enquanto outras autoridades monetárias continuam a apoiar o crescimento em meio à propagação do coronavírus.

“Há divergência de crescimento devido ao processo de vacinação muito mais lento no mundo emergente e novas ondas”, disse Garcia-Herrero. “Sofrerão um golpe duplo” quando o Fed começar a indicar a redução dos estímulos, avalia.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralBancoseconomia-internacionalJurosPolítica monetária

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor