O resultado do leilão de títulos públicos realizado nesta quinta-feira pelo Banco Central (BC) mostra que o mercado financeiro iniciou março com um estado de espírito bem superior ao dos dois primeiros meses do ano. O BC vendeu mais de 50 bilhões de reais em papéis pós-fixados, pagando a taxa referencial Selic na série mais curta. Na série mais longa, o mercado concedeu um pequeno deságio nos papéis.

Não entendeu nada? Tudo bem, agora em português: os profissionais do mercado financeiro estão acreditando em uma situação na pior das hipóteses estável a longo prazo, o que quer dizer juros correndo acima da inflação e contas sob controle. Essa expectativa é constatada nos juros que ele exige para comprar os títulos da dívida pública. Como os títulos foram comprados pelo preço que o governo os ofereceu, isso significa que o mercado não está percebendo um aumento do risco em comprar papéis públicos.

Pode parecer pouco - mas, tendo em vista que o cenário futuro aponta uma guerra no Oriente Médio e uma rápida corrosão da popularidade do governo, o fato de o mercado financeiro não estar exigindo nenhum prêmio adicional às já elevadíssimas taxas de juros é um excelente sinal.

O resultado do leilão ajudou os bancos a prestar mais atenção às recomendações do banco de investimentos americano JP Morgan de compra de papéis brasileiros divulgadas nesta quinta-feira (6/3). Com isso, os papéis subiram 1,5% no mercado americano e fecharam a 75,8 centavos de dólar por dólar de valor de face. O risco-Brasil caiu 2,50% para 1.164 pontos, um dos menores níveis do ano. Além disso, a Bolsa de Valores de São Paulo apresentou a maior alta diária do ano, avançando 3% em relação ao fechamento anterior.